A utilização da inteligência artificial em computadores ou smartphones tem demonstrado um enorme potencial, ajudando os utilizadores a terem som e imagem melhorada, edição mais completa de imagens e outras funcionalidades que otimizam a bateria, para listar exemplos. Mas quando se tenta introduzir modelos como o ChatGPT em produtos de outra natureza, o resultado pode ser desastroso. E há os exemplos do Rabbit R1, um companheiro de bolso; ou o AI pin da Humane, um alfinete alimentado por IA que assombrou o mercado pelo preço de 699 dólares e ainda uma mensalidade adicional de 24 dólares.

A novidade chama-se simplesmente friend, amigo em inglês, nome dado a um pendente de um colar que também é alimentado por IA. Vai custar 99 dólares e começa a ser entregue no primeiro trimestre de 2025. O TechCrunch avança que o produto foi criado por Avi Schiffmann, um graduado de Harvard que construiu um website premiado que ajudava a rastrear a COVID-19. O autor levantou 2,5 milhões de dólares para o projeto a uma avaliação de 50 milhões de dólares.

Veja na galeria imagens do friend:

Mas trata-se de um amigo mudo, este não tem altifalante ou sequer ecrã para responde ao utilizar, necessitando de um outro “amigo” sempre presente: o smartphone. A empresa está a vender este “amigo imaginário” para os momentos em que se sente sozinho e precisa de conversar. Tudo o que terá de fazer é premir o pendente, falar para o mesmo e esperar que este processe e envie a resposta para o smartphone. Para já, o pendente apenas funciona com iPhone, esperando-se mais tarde uma versão para Android, “mediante a procura”, lê-se no website.

A internet já reagiu ao produto, comparando-o a um episódio do Black Mirror, tal a ironia do gadget, já que ao pegar no smartphone talvez procure uma conversa com alguém real.

O vídeo de apresentação do produto também não ajuda a salientar as suas possíveis funcionalidades. Os breves comentários que a IA faz às situações, seja um passeio no campo ou uma sessão de gaming onde o utilizador está a perder. Já para não falar do diálogo embaraçoso que envolve um encontro de um casal num terraço superior.

Apesar do utilizador necessitar de tocar no pendente para colocar questões ou iniciar uma conversa, no website do produto é referido que o friend está sempre em modo de escuta. Quando conectado via Bluetooth, o equipamento está sempre a ouvir o utilizador e a formar o seu pensamento interno. “Demos ao teu amigo vontade própria para que decida quando deve interagir contigo”. É por isso que durante o trailer há observações estranhas do gadget durante aos diversos segmentos.

Veja o vídeo:

E considerando que é necessária uma ligação à internet para a IA funcionar, torna-se ainda mais assustador saber quem poderá estar “do outro lado” a ouvir as conversas ouvidas pelo friend. O criador do produto diz que nenhum áudio ou transcrição são guardados fora da janela de contexto. Os dados são encriptados end-to-end e todas as memórias podem ser apagadas com um clique na app do friend. Ainda assim, a empresa diz que as memórias do friend estão ligadas ao pendente, por isso, se perder ou danificar o equipamento não existem planos de recuperação.