
Durante o Mobile World Congress, o painel Connect X, promovido pela Honor, focou-se nos desafios da criação de infraestrutura de conectividade para suporte os avanços da inteligência artificial. Ray Guo, diretor da Honor Device, explica que a conectividade tem sido um dos focos da empresa, o seu Alpha Plan que já tinha anunciado durante o evento.
A fabricante chinesa assumiu um novo posicionamento na indústria, mudando o seu modelo de negócio e pretendendo ser mais que uma empresa que fabrica smartphones para ser um dos players da IA. Uma das suas preocupações é exatamente a conectividade e respondendo à pergunta “qual a rapidez necessária para a inteligência artificial”, quando se fala desta tecnologia, em aceleração constante, nunca se sabe o quão rápido se deve ser, “mas tenho a certeza que nunca é suficiente”, remata. Projeta que daqui a cinco anos a IA vai aumentar a performance dos equipamentos, independentemente do software ou hardware que têm equipados.
A representar a Broadcom, Sanjay Uppal considera que o advento da IA “deve distribuir o que for possível, mas também centralizar o que é necessário”. E defende que sem uma rede não existe capacidade de computação em cloud, logo, não interessa o quão rápido é o seu processamento. Aponta que os agentes de IA são processados nos equipamentos para serem mais rápidos, exatamente pela necessidade de aliviar a necessidade de recorrer às redes da computação na cloud. E avança que para melhorar a performance das redes está a criar a próxima geração de agentes de IA.
Já Philippe Lucas, responsável da área de dispositivos e parcerias da operadora de telecomunicações Orange, aponta que gostaria de ver uma mudança de paradigma das redes, mas que ainda não estão prontas. Mas acredita bastante na inteligência artificial e procura democratizar esta tecnologia com uma ferramenta que desenvolveu internamente, que agrega tecnologias da OpenAI, Llama, MistralAI, etc. Essa ferramenta foi disponibilizada aos seus empregados, numa página chamada “Tell us everything”.
Philippe Lucas diz que mais de 6.000 empregados da empresa utilizam essas ferramentas pelo menos uma vez por semana. Basicamente são dados “superpoderes” aos colaboradores através dessas ferramentas para executarem as suas tarefas. Ainda assim, o representante da Orange diz que a IA está numa idade de infância. Já foram criados mais de 120 agentes de IA, desde a criação de sumários das reuniões, análises de documentos, entre outras tarefas que podem ser otimizadas com a IA.
Por outro lado, a Orange diz que está a trabalhar ao lado das redes para os clientes, para igualmente lhes oferecer os tais “superpoderes” para facilitar o uso das ferramentas. A IA ajuda a prever problemas que possam surgir na rede de telecomunicações com antecipação de dias ou mesmo semanas.
Na opinião de Ray Guo, muitos utilizadores, por exemplo, das câmaras fotográficas, apenas olham para pixéis e a sua capacidade de resolução de imagem. A sua otimização pode ser um dos lados mais visíveis da tecnologia, mas há muitas outras coisas que os algoritmos fazem de forma “invisível”. O aumento da estabilização ótica, a otimização do sistema ao nível de hardware. Ou o facto das imagens serem mais claras quando captadas em locais escuros, tudo isto utiliza inteligência artificial que nem sempre está referenciada. O representante da Honor diz que há um aumento das necessidades de IA no campo da fotografia e a empresa espera responder às necessidades das pessoas.
Mas voltando ao tema das infraestruturas das redes, estas não podem ser aumentadas com a mesma rapidez com que são necessárias, aponta Sanjay Uppal. Por vezes, durante uma chamada de Zoom, vê-se indicadores com barras vermelhas a dizer que a rede está instável. Mas será que o problema é mesmo da rede? Por vezes o equipamento pode estar ligado a uma frequência errada ou ter erros do seu lado na conectividade, mas associa-se sempre ao sinal fraco da rede. Os agentes de IA podem dar uma ajuda a despistar e a fazer um diagnóstico daquilo que realmente está a acontecer. O representante da Broadcom diz que os agentes vão ajudar a tornar as redes mais inteligentes e fazer frente à tal necessidade crescente.
Já do lado da Orange, Philippe Lucas admite que não vê um grande impacto da IA na capacidade das redes da operadora, reforçando que a tecnologia ainda está nos seus primórdios. Para si, o grande desafio é perceber se as tarefas devem ser feitas em cloud ou não. E no caso afirmativo, garantir que os sistemas de uplink respondem às necessidades. Afirma que a mudança entre o processamento em cloud e localmente ainda é um desafio. “Na cloud tem-se recursos infinitos, mas quando se quer fazer algo localmente, sem a necessidade de conectividade, precisamos de capacidade de processamento através dos NPUs”.
A questão da proteção da privacidade foi outro tema abordado. Sanjay Uppal deu como exemplo uns óculos inteligentes, investigado por um grupo de estudantes, onde basta olhar para uma pessoa e pedir informações sobre o seu perfil. Diz ser assustador como o sistema faz o scam ao rosto e lista diversas informações pessoais da pessoa, via reconhecimento facial.
A concluir, todos os intervenientes do painel acreditam que se o processamento em Edge, um LLM não for bem otimizado, aquilo que se poupa a processar na cloud, vai-se gastar em conectividade. Mais uma vez, Ray Guo pede à industria para se alinhar para o problema da segurança com a IA. Em primeiro o flagelo da mineração dos dados, em segundo como se guarda os dados. O terceiro ponto é a capacidade de processar nos equipamentos e alerta que estes devem ser primeiro encriptados antes de serem enviados para a cloud. E quando não forem necessários, devem-se apagar.
Na Orange, apesar de não criar LLMs, a empresa adota soluções de terceiros, mas com uma longa lista de requisitos de segurança e privacidade que os fornecedores têm de cumprir.
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