A palavra Japão traz à memória várias coisas e é muito provável que uma delas, também para si, seja tecnologia. O país é berço de várias multinacionais que ao longo dos anos têm inovado na tecnologia e em alguns casos inventaram mesmo produtos que conquistaram o mundo, como o Walkman ou o Game Boy.

Mas como diz o provérbio, “não há bela sem senão” e num país onde a tecnologia é um dos grandes motores da economia, também há exemplos de “monos” que permanecem muito para lá do expectável numa geografia moderna e no século XXI.

As disquetes foram durante anos o formato de referência para a troca de documentos com o Estado e a prática tem sido difícil de desenraizar. Há três anos o governo japonês lançou um programa para erradicar de uma vez por todas as disquetes dos serviços públicos. No final de junho o processo de transição ficou finalmente completo e é o próprio executivo que o celebra num comunicado citado pela Reuters: “vencemos a guerra contra as disquetes”. E não foi fácil, acrescentamos nós.

A alimentar a sobrevida do formato de arquivo de documentos estavam mais de 1.000 regulamentos em vigor, que obrigavam a entrega de documentos nos mais diversos serviços públicos naquele tipo de suporte, detalha também a agência.

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As disquetes foram inventadas na década de 60 do século passado e à data eram a solução de armazenamento externo mais avançada. Tiveram diferentes formatos, mas o mais popular é capaz de guardar 1,44 MB de dados, o mais generoso 5,7 MB.

O formato já não é fabricado, a Sony, também japonesa, terá sido uma das últimas empresas a deixar de produzir disquetes e já o fez há mais de 10 anos. No entanto, as unidades em stock fazem com que continue a ser possível comprá-las em algumas lojas. Há mesmo um estudo que diz que poderão existir unidades no mercado até 2026.

Além dos japoneses, algumas indústrias em todo o mundo contribuíram para a sobrevida do formato nos últimos anos, precisando dele para retirar ou introduzir dados em equipamentos antigos. Um exemplo popular é o da frota Boeing 747 que até 2020 usava disquetes para atualizações.

Voltando ao Japão, Taro Kono, o ministro para a área digital que agora anuncia o fim da guerra às disquetes, foi o mesmo que a lançou em 2021 e que lidera uma agência criada na mesma altura para modernizar os serviços públicos japoneses e supervisionar o programa agora concluído.

Em mãos, Taro Kono tem a missão de acabar com o uso no Estado de outras tecnologias datadas, como o fax, mas pelo menos até agora não há notícias de um vencedor definitivo no duelo fax vs email.