A Microsoft anunciou a expansão das opções de reparação dos seus equipamentos até ao fim de 2022. A decisão surge como parte de um acordo com a As You Sow, uma organização norte-americana sem fins lucrativos que tem como objetivo criar uma maior consciencialização acerca da poluição gerada por empresas.
O anúncio da Microsoft surge como uma resposta a uma resolução submetida em junho pelos seus acionistas, que, em parceria com a As You Sow, apelaram à empresa para tornar os seus equipamentos mais fáceis de consertar, algo que se ajudaria a reduzir os elevados níveis de produção de lixo eletrónico e, consequentemente, a poluição ambiental.
Em comunicado, Kelly McBee, uma das coordenadoras da organização, afirma que o acordo permitirá dar aos consumidores a possibilidade de consertarem por si próprios os seus dispositivos da Microsoft sem terem de recorrer a uma rede limitada de lojas de reparação autorizadas.
Assim, como parte do acordo, a Microsoft compromete-se a completar uma avaliação, realizada por uma entidade terceira, acerca dos impactos ambientais e sociais associados a um maior acesso à reparação dos dispositivos eletrónicos, determinando novos mecanismos para cumprir este objetivo, incluindo para equipamentos da linha Surface e consolas Xbox.
Entre os compromissos estabelecidos está também a expansão da disponibilidade de certos componentes e de documentação necessária para reparações para lá da rede de serviços autorizados, assim como a implementação de novos mecanismos que promovam e facilitam opções locais de reparação para os consumidores.
O “direito à reparação” tem vindo a ganhar força nos últimos anos. No panorama norte-americano, Joe Biden assinou em junho uma nova ordem executiva que dá à Federal Trade Comission (FTC) o poder de criar um novo conjunto de regras, impedindo as fabricantes de imporem limitações aos consumidores que querem consertar os seus próprios equipamentos ou levá-los para serem reparados em lojas independentes.
Já na Europa, a Comissão Europeia apresentou em setembro a sua proposta para um carregador universal, assente no tipo USB-C e apto para todos equipamentos eletrónicos, após 12 anos de compromissos voluntários do setor tecnológico, que permitiram uma redução para três modelos.
A proposta terá de ser adotada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho, havendo depois um período de transição de 24 meses a partir da data de adoção para permitir à indústria adaptar-se antes da entrada em vigor.
Recorde-se também que, em novembro do ano passado, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução com vista a criação de um Mercado Único sustentável. Nela, os eurodeputados pedem à Comissão Europeia que salvaguarde o “direito à reparação”, tornando o processo mais “atrativo, sistemático e economicamente viável”, seja através da extensão das garantias ou concessão das mesmas para peças substituíveis, assim como de um melhor acesso à informação sobre reparações e manutenção dos equipamentos eletrónicos.
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