A AOL Time Warner e a Microsoft declararam o fim da sua guerra sobre o domínio do mercado dos browsers da Web, tendo a gigante de software pago 750 milhões de dólares ao conglomerado multimédia. Este acordo assinala a resolução de um processo legal instaurado pela AOL em Janeiro do ano passado e relativo às práticas alegadamente anti concorrenciais da empresa de Bill Gates durante o final dos anos 90.

Nos últimos três anos as duas companhias estiveram envolvidas num combate para controlar a forma como os consumidores acedem à informação e ao entretenimento por via online. Este acordo representa o fim das hostilidades numa guerra que as empresas têm vindo a lutar em diversas frentes ao longo de vários anos.

Por outro lado, significa também o início de uma nova era de cooperação entre as rivais, reflectindo ao mesmo tempo a intenção da Microsoft de adoptar uma posição mais conciliatória depois de ter evitado por pouco ser separada em diferentes companhias pelo governo dos Estados Unidos. Do mesmo modo, através deste acordo, a AOL revela possuir objectivos menos ambiciosos, à medida que luta para ultrapassar uma crise interna, a realização de investigações às suas práticas contabilísticas e uma dívida crescente.

Como parte do acordo, a Microsoft irá licenciar o seu browser Internet Explorer até 2010 sem qualquer custo. As companhias irão também colaborar em novas iniciativas de média digitais e formas de aumentar a interoperacionalidade entre os seus produtos. Este acordo surge menos de dois meses após Bill Gates, presidente da Microsoft, ter chamado Dick Parsons, presidente da AOL Time Warner para discutirem o fecho do processo.

O processo em causa foi desencadeado pela Netscape Communications, subsidiária da AOL, sendo um dos vários processos anti-trust privados ainda pendentes contra a Microsoft e as suas tácticas. No documento legal apresentado, argumentava-se que a gigante de software empregou práticas de negócio anti-concorrenciais para assegurar o domínio do seu browser face ao software da Netscape, tendo efectuado acordos com fabricantes de computadores para reduzir o mercado da Netscape.

A Netscape, que em tempos dominou o mercado de browsers da Web, possui actualmente uma quota de mercado inferior a cinco por cento, de acordo com vários indicadores industriais. Por seu lado, o Internet Explorer ganhou mais de 90 por cento do mercado. O acordo agora assinado também permite à AOL licenciar a tecnologia de média digital e de Digital Rights Management (DRM) da Microsoft, destinada a impedir a cópia e download ilegal de música, filmes e outros conteúdos em formato digital.

Contudo, não exige que a AOL utilize a tecnologia ou que a empregue
exclusivamente. Actualmente, a empresa recorre à Real Networks para
disponibilizar média digital online, tendo ambas as companhias já afirmado que irão continuar a colaborar. A Microsoft e a AOL irão também explorar formas para integrar as suas aplicações de instant messaging de forma a permitir que os utilizadores do serviço de uma companhia possam comunicar com os da outra. Mas, segundo Gates ainda não há um prazo concreto indicando quando é que isso poderá vir a acontecer.

Do mesmo modo, a Microsoft irá disponibilizar informação técnica à AOL sobre os seus actuais e futuros sistemas operativos Windows para assegurar que os seus produtos funcionem correctamente com essa plataforma. Uma vitória obtida pela AOL foi o facto de poder distribuir o seu software de acesso à Internet dentro do Windows para pequenos fabricantes de hardware, o que irá alargar potencialmente o leque de computadores abrangidos pela
empresa a dezenas de milhões.

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