O Lisboa Games Week está a decorrer durante este fim-de-semana e entre as diversas atividades de gaming e experimentação de novos videojogos, o espaço de exposição do museu Load ZX Spectrum é um dos pontos altos que deve visitar. A área não é muito grande, mas serve sobretudo como um aperitivo e convite à visita do museu do Spectrum em Cantanhede.
Há diferentes máquinas a passar clássicos como o R-Type, Jetpac e outros títulos que certamente apelam à nostalgia dos mais velhos, mas foi com toda a curiosidade que os mais jovens tentavam controlar personagens a uma velocidade bem inferior ao que estão habituados nas consolas modernas.
Mota triciclo Sinclair C5 faz as delícias dos visitantes
Mas se as consolas pretendem dar o ar retro ao espaço, que foi também enfeitado com as faixas coloridas alusivas à Sinclair, foi a mota elétrica C5 a mostrar o pedaço de história da imortal fabricante britânica. “Há muita malta muito intrigada com o C5”, destacou João Diogo Ramos, curador e cofundador do museu Load ZX Spectrum, ao SAPO TEK. “Acho que a maior surpresa é quando dizemos que aquele é um objeto de 1985”.
O curador do museu disse que por estar muita gente no pavilhão do evento, ainda não tinha tirado a mota do expositor para dar uma volta pelo espaço. “É um dos objetos mais icónicos de Sir Clive Sinclair, mas também um dos maiores fiascos”. O C5 foi lançado em 1985, mas não teve o sucesso esperado. Era claramente um produto à frente do seu tempo, por ser elétrico, mas ao mesmo tempo limitado pela sua velocidade máxima de 24 km/h, a fraca autonomia e não era à prova de água, impedindo-o de circular com mau tempo.
Veja fotos do espaço do museu no Lisboa Games Week:
Perguntado pela sua autonomia, João Diogo Ramos diz que atualmente é impossível avaliar, porque não existe nenhum veículo destes com as suas características originais. “Usam-se baterias de automóveis, mas nunca fiz nenhum passeio que ficasse sem energia, mas também nunca dei voltas muito grandes”.
Sobre a experiência de condução, diz que o veículo é um marco, mas assustador de andar na estrada, “porque uma roda de um camião fica mais alta que a nossa cabeça”. Nunca fez uma volta com 10 ou 15 quilómetros, mas por vezes mete-o à estrada para “desenferrujar”. “Há dias lançámos um vídeo no YouTube com uma brincadeira de o colocar a carregar num posto elétrico atual”.
Sobre o facto de o veículo ter autorização para circular, João Diogo Ramos diz que o assunto é pertinente porque depois de contatar o IMTT, é referido que na ápoca de lançamento do veículo a sua amolgação foi feita em Portugal, mas não existem evidências disso. O IMTT diz que os processos são tão antigos que não estão digitalizados. “Preciso encontrar um C5 em Portugal, que tenha matrícula, para que possa comprovar isso. De outra forma precisava da documentação do fabricante, que já não existe, para o poder legalizar”.
Estreia de exposição fora do museu com negócio a explorar no futuro
Fazendo um balanço da presença do museu no Lisboa Games Week, o curador diz que o espaço está muito próximo daquilo que idealizou. “Temos quatro baías temáticas, cada qual com um conjunto de objetos em exposição e um vídeo educativo, muito curto com minuto e pouco. E temos observado uma grande rotação de pessoas a chegar ao stand que ficam a jogar”. Ainda assim, apesar da carga histórica que tem como primeiras máquinas de jogos, João Diogo Ramos diz-se que são o elemento estranho no Lisboa Games Week, por ser um museu e por ser um espaço retro.
“O nosso conceito não é ter aqui 50 máquinas para jogarem, tem toda a história associada, o que significa também que depois não temos espaço para muitas máquinas. Temos três clones atuais em uso, o que tem atraído muitas gerações de jogadores”. Os jogos rodam nas máquinas, como o R-Type, Bomb Jack e Jetpac, para dar exemplos.
Veja as fotos do Lisboa Games Week 2022:
Questionado sobre os planos para o futuro do museu, João Diogo Ramos afirma que a presença no Lisboa Games Week “é muito importante porque marca uma nova era no museu. O museu está e vai permanecer em Cantanhede, esse continua a ser o objetivo, com um espólio de milhares de objetos, e ainda agora foi expandido com uma nova sala”. A nova exposição foi construída para estar no evento, “mas porque acreditamos que existem empresas grandes com interesse em proporcionar, cada vez mais, oferecer experiências diferenciadas aos seus colaboradores, porque não ter uma exposição destas durante um fim-de-semana ou mesmo uma semana?”
O objetivo é levar o museu às pessoas e dessa forma ajudar a financiar o projeto principal. “Ainda estamos a começar. Estive no Reino Unido, na Play Expo em Blackpool, estamos aqui agora, para a semana vou estar no maior evento do Spectrum novamente no Reino Unido, a fazer palestras e depois vamos estar na ComicCon. Este ano apenas vamos fazer palestras, não vamos já avançar com um stand”, conclui o curador do museu Spectrum, mas deixando claro o momento como o início dessa expansão.
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