Portugal tem de ter estratégia nacional para a Inteligência Artificial em 2019 no âmbito da "IA à maneira da Europa"

A Europa já tem um plano de ação para a Inteligência Artificial, baseado no acordo alcançado em abril deste ano, mas a Comissão Europeia quer agora que os Estados membros se comprometam com metas em meados de 2019. O tratamento de cancro é uma das áreas prioritárias.

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O acordo alcançado em abril deste ano é a base de um plano de ação que tem medidas concretas e que foi hoje divulgado, com ações comuns e uma cooperação mais estreita entre os estados membros e com países aliados, como a Noruega e a Suíça. As metas estão alinhadas e preveem também que cada país da UE tem agora de ter a sua estratégia nacional pronta em "meados de 2019".

Esta semana, na ICT 2018, os responsáveis da Comissão Europeia já tinham sublinhado a importância da Inteligência Artificial e de garantir a liderança nesta área, com o reforço do investimento para chegar aos 20 mil milhões em investimento público e privado até final de 2020. Agora o executivo revelou o plano de ação com estratégias comuns que está centrado em quatro áreas: aumentar o investimento, disponibilizar mais dados, promover talento e garantir a confiança.

A coordenação entre todos os Estados membros é considerada essencial para que a Europa possa tornar-se na região líder no desenvolvimento e implementação de uma Inteligência Artificial de ponta, mas ética e segura, à "maneira da Europa", com efeitos práticos na economia e no emprego.

"Como a eletricidade no passado, a IA está transformando o mundo. Juntamente com os Estados Membros, aumentaremos os investimentos para implementar IA em todos os setores da economia, apoiaremos habilidades avançadas e maximizaremos a disponibilidade de dados", afirmou a comissária para Economia e Sociedade Digital, Mariya Gabriel.

O plano coordenado resulta de um trabalho realizado nos últimos seis meses para identificar sinergias e ações comuns que vão ser revistas todos os anos. Do acordo fazem parte a coordenação de investimentos em pesquisa e inovação, e o objetivo de 20 mil milhões de euros até 2020, passando a 20 mil milhões a cada ano entre 2020 e 2030, deverá resultar da combinação entre o valor investido por cada Estado-membro, pelas empresas e pela própria comissão europeia, apesar do orçamento até 2027 estar ainda em discussão.

A ideia é que só a UE invista 1,5 mil milhões em Inteligência Artificial até 2020, e pelo menos 7 mil milhões por ano até 2027 numa combinação entre o programa Horizon Europe e o Digital Europe,

As estratégias nacionais são um dos instrumentos para direcionar este investimento, mas estão na calha também uma nova parceria público privada na IA e um fundo de scale up da Inteligência Artificial, que apoiará startups e projetos inovadores, assim como iniciativas de blockchain, e que será também aplicada em empresas em fase de expansão.

Há ainda medidas de desenvolvimento e ligação entre centros líderes no desenvolvimento de IA, com centros de excelência na europa, áreas de teste abertas a empresas e Centros Digitais de Inovação, sendo que foi também anunciado o financiamento de 66 milhões de euros para centros de robótica.

A disponibilização de dados é outro dos elementos fundamentais e a CE quer criar espaços de dados europeus comuns para facilitar a partilha de dados entre os vários países. Na área da Saúde vai ser criada uma base de dados comum, com análise anónima de informação de lesões, doadas por pacientes, para melhorar diagnósticos de cancro e tratamentos com tecnologia IA.

Nenhuma destas estratégias pode ser bem sucedida sem competências e talento na área e a carência de profissionais de TIC é uma das preocupações. No plano de ação está previsto o apoio ao desenvolvimento de programas de ensino especializado em IA, com bolsas dedicadas e a atração de talento nesta área.

Neste novo plano não foi esquecida a questão da ética, vista como essencial para garantir a confiança. As diretivas éticas da União Europeia estão a ser desenvolvidas por um grupo europeu de especialistas, e a primeira versão será colocada a discussão até final do ano.