A Streamcast Networks disponibilizou no sábado, dia 2 de Março, uma nova versão do software-cliente do seu serviço de troca de ficheiros Morpheus. Este lançamento surge como reacção ao facto de, na passada terça-feira, os milhões de utilizadores deste serviço terem sido impedidos de acederem à rede partilhada com os serviços semelhantes KaZaA e Grokster.



O novo software, designado Morpheus Preview Edition ou, em alternativa, versão 1.3.3.1, baseia-se na tecnologia open-source Gnutella criada no início de 2000 que funciona ao mesmo tempo como uma aplicação e uma rede informática. Até agora, o Morpheus baseava-se na tecnologia licenciada à empresa holandesa FastTrack, propriedade da Consumer Empowerment, companhia que até muito recentemente detinha também o KaZaA.



"Estamos satisfeitos por termos migrado para um produto que emprega protocolos abertos com o lançamento do Morpheus Preview Edition, que é baseado na vasta rede de utilizadores do Gnutella", afirmou Steve Griffin, director-executivo ds Streamcast, num comunicado divulgado no site da empresa.



Mas há quem considere que a nova aplicação se baseia quase totalmente num software-cliente Gnutella bastante conhecido chamado Gnucleus, como é o caso de John Marshall, criador deste programa, segundo consta do site deste projecto: "Tinha um pressentimento de que isto iria acontecer. O Morpheus estava a movimentar-se em direcção ao Gnutella e a única forma razoável de chegar lá rapidamente era recorrer a um código já estabelecido. Desde que eles divulguem o código fonte e façam referência ao nosso nome no programa, não tenho problema com isso."



Marshall acrescenta ainda: "Não sei o que pensar, desejava que eles me tivessem contactado ou a qualquer um dos outros programadores do Gnutella antes de terem feito isto. O Gnucleus é um software-cliente bem escrito e honesto. Por favor, não deixem que esta acção da Streamcast manche a vossa impressão a nosso respeito".



Contudo, o lançamento do novo Morpheus baseado no Gnutella poderá alterar dramaticamente o equilíbrio de poder nos serviços de partilha de ficheiros. Os utilizadores do Morpheus constituíam até agora o maior grupo de uma rede de partilha de ficheiros dividida em três partes, que incluía os utilizadores do KaZaA Media Desktop e do Grokster. Todos estes serviços utilizavam tecnologia licenciada pela FastTrack, o que possibilitava que qualquer utilizador de um dos programas pudesse procurar por músicas ou outros ficheiros nos computadores dos membros dos outros serviços.



A suspensão dos utilizadores Morpheus do acesso à rede ocorreu um dia após a Sharman Networks - empresa australiana nova proprietária do KaZaA, depois da venda deste serviço pela Computer Empowerment - e o Grokster terem começado a distribuir uma nova versão dos seus programas.



Griffin, director-executivo da Streamcast, afirmou que a actualização não tinha sido oferecida ao seu serviço. No comunicado divulgado no site desta empresa, Griffin apelidou a suspensão como um "ataque" contra os utilizadores do Morpheus, escusando-se a adiantar, contudo,quem era o responsável.



Enquanto isso, a Sharman Networks tem vindo a tomar vantagem da suspensão inicial do Morpheus para atrair os seus utilizadores. Desde quarta-feira passada que o KaZaA tem uma nota no seu site referindo: "Utilizadores do Morpheus, venham até ao nosso local." Na sexta-feira, a rival lançou uma nova ferramenta que ajuda a converter os utilizadores do Morpheus ao software do KaZaA.


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