Os números fazem parte de um relatório que acaba de ser divulgado pela AWS e que mostra uma evolução face aos resultados do ano passado, quando a empresa fez a primeira análise em Portugal. André Rodrigues, diretor de tecnologia ISV da AWS para o Sul da Europa e França, destaca o facto de 41% das empresas portuguesas estarem a utilizar a IA, em comparação com o valor de 35% no Unlocking Portugal’s AI Ambitions do ano passado.

A adoção está a acelerar a uma taxa de crescimento de 17% e "a cada cinco minutos uma nova empresa começa a usar a Inteligência Artificial", realça André Rodrigues em entrevista ao TEK.

"Nos últimos dois anos havia muita experimentação e provas de conceito, mas vejo 2025 diferente, com empresas já com ideias muito concretas de onde apostar e foco cada vez mais em como resolver os problemas de negócio e melhorar a experiência do cliente", sublinha o diretor de tecnologia ISV da AWS para o Sul da Europa e França.

Segundo o estudo "Desbloquear o Potencial da IA em Portugal", os benefícios da adoção da IA já são claros, com  77% das empresas que adotaram a tecnologia a verificarem melhorias significativas na produtividade, incluindo a análise de dados simplificada (66%), a melhoria do serviço ao cliente (53%) e a automatização de tarefas de rotina (54%). Refere-se ainda que "94% das empresas portuguesas relatam aumentos de receitas numa média de 30% devido à adoção da IA, o que demonstra o impacto da IA na competitividade das empresas".

André Rodrigues explica que as startups portuguesas se destacam na utilização de IA, o que é natural já que "têm o talento mais adaptado para rapidamente abraçar a tecnologia". Mais de 62% já adotam Inteligência Artificial e estão muito acima das outras tipologias de empresas. De notar ainda que 55% das startups que adotaram a IA têm a tecnologia integrada nas suas estratégias, em comparação com 38% em toda a Europa.

No estudo é destacado o caso da Visor.ai, a startup que tem uma plataforma de conversação baseada em IA que permite às empresas criar e implementar assistentes virtuais sem codificação. A empresa portuguesa já está a tirar partido do Amazon Bedrock para melhorar as suas capacidades de IA de conversação e servir clientes nos setores dos seguros e da banca, entre outros, e destaca um aumento de 30% na satisfação dos clientes. Mas André Rodrigues aponta ainda outros casos, como a Outsystems ou a Ascendi.

Grandes empresas e PMEs com ritmo mais lento

O diretor de tecnologia ISV da AWS admite que há um desafio de adoção mais profundo para generalizar a adoção da Inteligência Artificial a todas as empresas, e que as grandes empresas e as PME estão a ficar para trás em relação às startups no que diz respeito ao aproveitamento das utilizações mais avançadas da IA.

Pelos dados, 55% das grandes empresas já utilizam IA, mas ainda não da forma mais eficiente.  "O nível de adoção é encorajador e compara bem com o resto do mercado, mas há uma preocupação que muitas delas fiquem limitadas à aplicação básica da tecnologia, focando apenas em ganhos de eficiência e automatização de processos", afirma André Rodrigues, lembrando que isso pode impedir um uso mais estratégico da IA, como na criação de novos produtos ou na transformação de setores inteiros por meio da inovação.

Só 11% das empresas portuguesas estão na fase mais avançada da adoção da IA e utilizam a tecnologia para transformar fundamentalmente os processos e serviços empresariais, em comparação com 35% das startups.

Os dados indicam ainda que só 47% tem um orçamento dedicado à IA, em comparação com 58% na Europa.

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Na análise foram identificados três desafios que continuam a impedir as empresas de tirarem mais partido da IA e podem funcionar como uma barreira, destacando a falta de competências digitais, a perceção dos custos e a insegurança regulamentar, vista como um obstáculo fundamental. 

A AWS vai continuar a monitorizar a evolução da adoção de IA e olhando para o futuro André Rodrigues reconhece que com o apoio e as competências adequadas para inovar e experimentar, Portugal pode libertar todo o potencial da IA, impulsionar a inovação e aumentar a competitividade.

No estudo são apontadas três áreas poderia investir, como continuar o apoio a startups orientadas para a IA, acelerar a transformação digital em todos os sectors e expandir o apoio às PME e grande empresas para integrarem a IA de forma estratégica.