
Para Satya Nadella, presidente executivo da Microsoft, o maior desafio da inteligência artificial não está no desenvolvimento da tecnologia. Está nas pessoas e na sua capacidade para mudarem a forma como trabalham, tirando partido da tecnologia.
A opinião foi partilhada pelo responsável num evento promovido pelo acelerador norte-americano Y Combinator e citada pela Business Insider. No evento, o gestor deixou claro que se os processos humanos não mudarem, o benefício da tecnologia não atingirá o seu melhor potencial.
A gestão da mudança é para o líder de uma das empresas que mais tem valorizado às custas da aposta na IA, o grande entrave a uma maior e melhor adoção da tecnologia. "Quando alguém diz: Agora vou fazer o meu trabalho, mas com 99 agentes que estou a dirigir em meu nome, o fluxo de trabalho não vai ser constante", afirmou. "Até o âmbito do seu trabalho vai mudar."
Satya Nadella ilustrou com exemplos aquilo que na sua opinião tem de ser a escala e o sentido da mudança, numa era em que a tecnologia molda cada vez mais o mundo do trabalho. Deu o exemplo do LinkedIN, detido pela Microsoft, e explicou que a empresa começou a fundir funções que até agora existiam de forma separada, como a gestão de produto, design de produto e engenharia para front-end.
Todas estas funções estão agora agregadas numa só: "full-stack builder" - alguém que é responsável pelas diversas fases de engenharia do produto. Como referiu também o responsável, esta é uma “mudança no perímetro de um trabalho”. O desafio associado é reconstruir a equipa de produto com novas funções e novos âmbitos.
A Microsoft pode estar a querer levar mais longe esta visão já em breve. A empresa anunciou que vai despedir cerca de 3% da força de trabalho, qualquer coisa como 6.000 colaboradores. Espera-se que o anúncio detalhado chegue no início da próxima semana.
Rumores recentes dizem que as equipas da Xbox serão das mais afetadas. Outras informações não confirmadas asseguram que um dos grandes alvos da medida vão ser as hierarquias de chefia intermédia. A empresa já tinha admitido que os cortes vão afetar diferentes áreas e regiões e também disse que o propósito é dar agilidade à organização, para responder melhor aos desafios do presente e do futuro.
O impacto da IA no mercado de trabalho tem sido amplamente discutido e as opiniões dividem-se, bem como as conclusões dos estudos sobre o assunto. Várias pesquisas começam no entanto a destacar que as empresas estão a aproveitar pouco, ou mal, o potencial da IA nas suas organizações, por diferentes razões.
O estudo “People Readiness Report” da Kyndryl, divulgado já em junho, por exemplo, aponta que apenas um reduzido número de empresas tomou medidas para alinhar as estratégias das suas equipas de trabalho com o crescimento da inteligência artificial.
As organizações que adotaram essas estratégias assumem a linha da frente para obter um retorno positivo do investimento feito na tecnologia, mas a lacuna entre o investimento em IA e a preparação das equipas de trabalho é enorme.
O relatório refere que 95% das empresas já investiram em IA, mas 71% dos líderes empresariais também dizem que as suas equipas ainda não estão preparadas para utilizar esta tecnologia com sucesso.
Uma pesquisa da Gartner traça também um cenário pouco otimista sobre a capacidade das organizações para tirarem partido dos investimentos que têm vindo a fazer em agentes de IA e antecipa mesmo que 40% dos projetos nesta área serão cancelados antes de 2027, mesmo destacando todo o potencial da tecnologia.
Pergunta do Dia
Em destaque
-
Multimédia
DOOM: The Dark Ages é uma prequela da série passada num ambiente medieval negro -
App do dia
Construa um mech com armas poderosas e enfrente o apocalipse zombie -
How to TEK
Já pode pedir resumos de vídeos do YouTube ao Copilot. Conheça as novidades que chegaram ao Edge -
Site do dia
Soar pretende construir o maior atlas do mundo. E todos podem contribuir
Comentários