As vendas mundiais de computadores voltaram a cair pelo segundo trimestre consecutivo, entre abril e junho, depois de dois anos a crescer. Dados divulgados esta segunda-feira pela IDC mostram que, no período, foram vendidos 71,3 milhões de PCs, menos 15,3% que em igual período do ano passado.

Por fabricantes, não houve trocas de lugares. Lenovo, HP e Dell, mantêm posições no top 3 de vendas. As três fabricantes diminuíram também vendas entre o segundo trimestre de 2021 e de 2022, com a HP a ser a mais penalizada e a ver o número de unidades vendidas a cair 27,6%, para 13,5 milhões de unidades. A empresa viu também reduzida a quota de mercado de 22,1% para 18,9%. Em compensação, a líder Lenovo terminou o trimestre com uma quota de mercado reforçada, de 24,6%.

A Apple passou a ser quinta no ranking mundial. Foi ultrapassada pela Acer e deixou a Asus aproximar-se. A troca de posição com a Acer reflete as dificuldades com a produção em volume da dona dos computadores Mac no trimestre que, segundo a IDC, será anulada nos próximos trimestres, se a empresa não se vir confrontada com os mesmos problemas.

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Os resultados apurados pela IDC acabam por ser piores que o esperado, com o impacto dos novos confinamentos na China e a instabilidade macroeconómica, a fazer estragos. “Os receios de uma recessão continuam a influenciar e enfraquecer a procura nos diferentes segmentos”, sublinha Jitesh Ubrani, diretor de pesquisa da IDC para esta área.

“A procura de PCs pelos consumidores enfraqueceu a curto prazo e corre o risco de se manter a longo prazo, à medida que os consumidores se tornam mais cautelosos quanto aos seus gastos”, acrescenta o responsável, sublinhando a tendência para usar outros dispositivos, como o telemóvel ou o tablet, para responder às necessidades que o PC normalmente satisfazia. No mercado empresarial o nível de procura tem-se mantido mais forte, mas ainda assim já é notória uma tendência para protelar compras.

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Os dados mostram, ainda assim, que o nível da procura se mantém ao nível da que existia antes da pandemia e do mercado ter acelerado o ritmo de aquisição de computadores, para responder às limitações dos confinamentos e ao teletrabalho. No segundo trimestre de 2020 tinham sido vendidos 74,3 milhões de computadores. Um ano antes, no mesmo período, as vendas tinham atingido os 62,1 milhões.

Os números apurados pela IDC referem-se às unidades de computadores expedidas para as lojas. Compreendem computadores desktop, portáteis e estações de trabalho. Os tablets não entram nestas contas.

Recorde-se que a IDC já tinha revisto em baixa as previsões para as vendas de computadores este ano, por causa da inflação, da guerra, dos confinamentos na China e ainda da escassez de componentes.

As novas previsões apontam para queda nas vendas destes equipamentos da ordem dos 8,2%, face a 2021, para um total de 321,2 milhões de unidades. Nos tablets, o tombo deve rondar os 6,2%, para um total de 158 milhões de unidades enviadas para as lojas.