Quando uma corrente de vento solar atinge a Terra, os magnetómetros ao redor do Círculo Polar Ártico normalmente ficam descontrolados, com as agulhas a balançarem caoticamente com a reação dos campos magnéticos locais ao impacto. Contudo, a 18 de novembro último aconteceu algo diferente: o vento solar atingiu a Terra e produziu uma onda sinusoidal pura e praticamente musical.

O fenómeno foi detetado por investigadores de um observatório nas Ilhas Lofoten, na Noruega, que indicam que estas ondas sinusoidais excecionalmente puras persistiram por horas e estão relacionadas com algo que se denomina de "tearing instabilities” e a explosões no campo magnético da Terra - e também a auroras nos céus árticos…

"Uma oscilação magnética muito estável de ~15 segundos começou e persistiu por várias horas", referiu Rob Stammes, o cientista que registou o sucedido, citado pelo Spaceweather.com. "O campo magnético oscilava para frente e para trás (…) com a regularidade de um metrónomo".

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A publicação explica o fenómeno comparando-o com um pedaço de papel que vibra com a respiração quando é soprado. Será esse o tipo de efeito que o vento solar tem nos campos magnéticos. As ondas gravadas a 18 de novembro são essencialmente flutuações que se propagam pelos flancos da magnetosfera terrestre, estimuladas pela “respiração” do sol, e que os cientistas denominam de "pulsações contínuas", ou Pc.

Esta ondas Pc estão divididas em cinco tipos, consoante a sua cadência. As registadas agora - no intervalo de 15 a 45 segundos - são classificadas como Pc3. O investigador já tinha registado muitas outras ondas Pc no passado, mas num “muito raro episódio”, esta foi a primeira vez que registou uma de categoria Pc3.

Este tipo de ondas às vezes flui em redor do campo magnético da Terra e provoca uma "instabilidade violenta" na cauda magnética do planeta. Tal poderá criar as condições para uma explosão, à medida que os campos magnéticos na cauda se voltam a conectar.

Várias naves da NASA terão sobrevoado recentemente uma dessas explosões, com os seus sensores a registarem a projeção de jatos de partículas de alta energia. Investigadores da Universidade de New Hampshire afirmam que um desses jatos foi projetado em direção à Terra e terá dado origem a auroras quando atingiu a atmosfera superior.