As raparigas gostam de jogar, os videojogos é que não vão ao encontro dos seus interesses. É esta a principal conclusão a retirar de um estudo levado a cabo por uma investigadora da Universidade de Gante, na Bélgica.

De acordo com os resultados da análise agora publicados, aquilo que determina que exista menos representatividade feminina no universo de jogadores não é a falta de interesse mas antes o facto de os títulos serem desenvolvidos a pensar no público masculino.

Lotte Vermeulen, estudante de comunicação em Gante, questionou 983 jogadores, com o objectivo de perceber quais as diferenças nas preferências entre géneros e os factores que tornam um videojogo atractivo para o sexo feminino.

"Ao contrário dos homens, as mulheres querem um jogo que seja lógico e fácil de utilizar", defende. Os comandos a usar devem ser instintivos e a combinação de teclas simples, tal como as regras, que se querem claras. Elas esperam ainda que os desafios propostos sejam "viáveis".

A investigadora adverte que as raparigas tendem a desistir quando o título se revela pouco instintivo na utilização, estando menos dispostas a perder tempo para "apanhar o jeito" ao jogo. A falta de paciência manifesta-se também na preferência por desafios mais curtos e simples, como os jogos sociais ou de utilização ocasional.

Os inquéritos revelaram também que, em média, um homem joga cerca de 17 horas por semana, enquanto a média semanal das mulheres se situa nas 8 horas. Ainda assim, mais de metade das entrevistadas admitiu que gostaria de ter mais tempo para dedicar a estas "tarefas".

Outra das ideias a pôr de parte é a de que a violência seja um entrave. Esta não constitui um problema, desde que acompanhada de humor. De parte ficam, por exemplo, as batalhas com cenas de grande realismo.

Foi também notado que as mulheres têm maior tendência do que os homens para optar por jogos com desenhos animados ou a 2D, preferindo também resolver problemas ou charadas a destruir ou conquistar territórios, criaturas ou semelhantes.

A competição é bem-vinda em ambos os géneros e outra das coisas que motiva as senhoras é a possibilidade de personalizar e explorar livremente, com espaço para desenvolver tarefas acessórias ao objectivo primordial do jogo e ter cenários adaptados ao seu gosto, por exemplo.

Enquanto o contacto social foi identificado como a maior motivação para jogar entre os homens, este factor encontra-se em último na lista de prioridades das mulheres - mais preocupadas com factores como a liberdade e controlo sobre o título, a competição, ou em ter uma experiência imersiva.