A Alemanha protestou junto da Rússia por tentativas de roubo de dados a responsáveis federais e estatais. De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país há a suspeita de que está a ser preparada desinformação antes das eleições alemãs.
Segundo Andrea Sasse, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, um grupo de hackers chamado Ghostwriter tem estado "a combinar ciberataques convencionais com operações de desinformação e influência", e que têm sido observadas "desde há algum tempo" atividades dirigidas contra Alemanha.
As eleições parlamentares alemãs estão marcadas para 26 de setembro e foram registadas tentativas de obtenção de dados e credenciais de acesso de responsáveis federais e estatais. O objetivo seria roubar a identidade dos responsáveis recorrendo a técnicas como esquemas com emails de phishing.
"Estes ataques podem servir de preparação para operações de influência, como campanhas de desinformação relacionadas com as eleições parlamentares", afirma Andrea Sasse.
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros indica que "o Governo alemão tem informações fiáveis, com base nas quais as atividades dos Ghostwriter podem ser atribuídas a piratas informáticos do Estado russo e, especificamente, ao GRU, o serviço de inteligência militar russo ".
A atividade é considerada “inaceitável” e como "um perigo para a segurança da República Federal da Alemanha, para o processo de tomada de decisão democrática, e como grave tensão nas relações bilaterais".
A Alemanha já apelou ao Governo russo que para que ponha um fim imediato à atividade, dirigindo a exigência diretamente aos funcionários russos durante uma reunião de um grupo de trabalho germano-russo sobre política de segurança, onde Miguel Berger, vice-ministro alemão dos Negócios Estrangeiros levantou a questão junto do vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros.
Em meados de julho, o diretor da agência de inteligência alemã deu a conhecer que, desde fevereiro, a entidade tem vindo a concentrar a sua atividade nas tentativas de roubo de dados nas contas de correio eletrónico privado dos legisladores federais e estatais e do seu pessoal. Embora tenha referido que poucas dessas tentativas foram bem-sucedidas, nos casos em que o foram, aparentemente provocaram poucos danos.
As preocupações da Alemanha sobre a interferência russa estenderam-se também às atividades da emissora estatal RT, cujo serviço online em língua alemã tem vindo a enfatizar, ao longo dos anos, assuntos fraturantes, como a migração e as restrições impostas devido à pandemia do coronavírus.
A chanceler Angela Merkel negou recentemente, durante uma visita a Moscovo, que o seu Governo tivesse exercido pressão política para bloquear o pedido da estação para uma licença de emissão regular, que foi recusada em agosto pelas autoridades do vizinho Luxemburgo. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, acusou a Alemanha de tentar suprimir o canal, afirmando que o mesmo "diz o que os meios de comunicação social alemães não ousam dizer".
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