O primeiro prazo tinha sido apontado para maio, mas a Apple e a Google estão a acelerar o desenvolvimento de uma ferramenta que vai permitir aos programadores usarem dados de localização dos smartphones iOS e Android em aplicações que serão usadas no âmbito do combate à COVID-19.

A confirmação foi avançada por Tim Cook numa videoconferência com o comissário europeu Thierry Breton, segundo avança o jornal Les Echos. Durante a conversa o responsável europeu terá pressionado a Apple para garantir que que o sistema está em linha com as regras de privacidade da União Europeia.

A anonimização da informação, adesão voluntária, transparência, manutenção dos dados durante um período limitado, a segurança e a interoperabilidade são requisitos que a Comissão Europeia já tinha afirmado que queria ver garantidos neste novo sistema que deverá ajudar os países a sensibilizar os utilizadores para manterem o confinamento e o distanciamento social recomendados pela OMS para evitar a propagação do novo coronavírus.

A Comissão Europeia já garantiu que só vai aprovar esta tecnologia durante a crise da COVID-19, por um tempo limitado, e se cumprir as regras de privacidade.

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Há países que estão a avançar com as suas próprias soluções, como a França que está a desenvolver uma aplicação de rastreamento que deverá ser lançada a 11 de maio, quando termina o estado de emergência no país. Segundo a informação disponibilizada, vai recorrer a tecnologia Bluetooth.

Em Portugal a ideia de usar uma ferramenta para controlar a movimentação dos cidadãos foi várias vezes afastada pelo Governo, mas hoje admitiu ao podcast Política com Palavra que a DGS  poderá ter acesso aos telemóveis dos portugueses para os avisar de que estiveram perto de alguém contaminado com COVID-19, mas sempre sem ter acesso a dados de identificação.

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Segundo o jornal Público, António Costa foi muito claro a afastar a possibilidade de georeferenciação (utilização de dados de localização geográfica), rastreio ou de identificação, mas explica que tudo pode ser feito através do acesso aos contactos. “A possibilidade de, por exemplo, a DGS poder ter acesso a partir do meu telemóvel à identificação de números de telemóvel com que o meu telemóvel esteve em proximidade durante mais de ‘x’ tempo e a menos de ‘x’ distância durante os últimos 14 dias e enviar uma mensagem a essas pessoas, sem saber quem são, informando que esteve em proximidade, durante mais de dez minutos, ou 15 minutos, com o telemóvel de uma pessoa que é dada como infectada", refere.

Thierry Breton já tinha mantido uma conversa semelhante com o CEO da Google, Sundar Pichai, e Susan Wojcicki do YouTube, onde pediu também que a empresa reduzisse a qualidade do streaming para limitar o impacto do aumento da visualização de videos nas redes europeias.