A Associação Fonográfica Portuguesa divulgou hoje uma nota de imprensa onde repudia as declarações do ministro da economia Viera da Silva, relativamente à economia paralela. O responsável político afirmou no passado dia 5 de Setembro em Ílhavo, que a economia paralela tem a vantagem de "dar emprego às pessoas", embora considerando que o faz "de uma forma que é frágil para os cidadãos e para a própria economia nacional", como reproduzia a Lusa na altura.


Vieira da Silva comentava o fenómeno e o seu aumento em tempos de crise, admitindo que "é habitual" um crescimento destas actividades em períodos económicos menos favoráveis, mas considerando que em Portugal esse aumento não é significativo.


A AFP mostrou hoje o seu repúdio relativamente às declarações do ministro, "na medida em que a pirataria fonográfica e videográfica faz parte da chamada economia paralela e é responsável por enormes prejuízos financeiros e pela perca de inúmeros postos de trabalho", defende a associação.


A organização recorda que entre 2005 e 2009, a indústria fonográfica nacional perdeu 44 por cento da facturação realizada no mercado físico e, nos últimos 10 anos, cerca de 70 por cento dos postos de trabalho directos. Acrescenta que, embora em si mesma a indústria fonográfica seja de pequena dimensão, "a jusante a pirataria causa uma perda muito superior de emprego em actividades como a gestão de direitos autorais, de publishing, agenciamento, espectáculos, transportes, estúdios, produtores, compositores, autores, artistas e músicos e muitas outras actividades económicas".


A AFP também faz notar que esta não é a primeira vez que se vê confrontada com a "irresponsabilidade de declarações por parte de ministros do Governo de Portugal" e recorda as polémicas declarações de Mariano Gago em Madrid, quando o ministro da ciência se referiu à pirataria como "factor de progresso e globalização".


"Numa altura em que diversas indústrias culturais estão em risco de desaparecer devido à pirataria electrónica que se verifica na música, filmes, séries de televisão, livros e software", a associação diz que esperava do Governo português a promulgação de legislação efectiva para "pôr cobro à pirataria de obras protegidas na Internet, minorando desta forma as graves consequências económicas e culturais deste flagelo".