Um ataque informático, dirigido aos servidores da Pro-Service, condicionou esta semana o funcionamento de mais de 2.000 websites georgianos e o canal público de televisão daquele país. Este foi o maior ciberataque alguma vez registado pelas autoridades locais.
O ataque substitui a homepage de todas as páginas afetadas por uma imagem do ex-presidente Mikheil Saakashvil, assinada com a frase "eu voltarei". O ataque foi provavelmente motivado por fatores políticos, embora ainda não existam quaisquer conclusões oficiais das autoridades.
A Pro-Service assumiu as responsabilidades das repercussões, mas a autoria do ataque ainda não é clara. Na segunda-feira, a tecnológica afirmou estar a limpar os estragos.
Segundo a própria, o servidor que é utilizado para alojar as páginas das agências do governo foi o principal alvo do ciberataque. O Ministério dos Assuntos Internos da Geórgia está agora a investigar o caso e os sites estão já a funcionar normalmente.
Saakashvili foi presidente da Geórgia entre 2004 e 2013, mas reside agora na Ucrânia, onde, em 2014, assumiu um cargo público na região de Odessa. A tomada de posse obrigou-o a abdicar da cidadania georgiana e, em 2018, foi deportado para os EUA, tendo regressado à Ucrânia este ano. Importa também sublinhar que Saakashvili é um conhecido opositor de Putin desde a crise da Crimeia.
A imprensa escreve que a imagem utilizada neste ataque cibernético sugere o envolvimento de hackers russos, embora não exista qualquer prova que os associe ao caso. Note, contudo, que em 2008, o país foi alvo de ciberataques semelhantes durante a guerra de cinco dias que opôs Geórgia e Rússia pela disputa de um território.
"Os ciberataques na Geórgia demonstram o quão frágil é a infraestrutura sobre a qual está construído o nosso mundo", disse Jonathan Knudsen, especialista em segurança informática, numa conversa com o ThreatPost, onde sugeriu que deixámos de ter habilidade para assegurar a proteção dos nossos sistemas informáticos.
Brian Warehime, investigador na área da cibersegurança para a ZeroFOX, chamou a estes ciberataques provocados por motivos políticos "o novo normal". Contudo, alerta para o seu "possível impacto", mesmo quando afetam apenas uma região específica por uma razão muito específica, porque podem despoletar uma onda de instabilidade global.
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