Um por cento dos utilizadores do Google Chrome deixaram, desde esta quinta-feira, de estar expostos a cookies de terceiros enquanto navegam. A medida vai estender-se aos restantes utilizadores do browser escolhido por metade dos utilizadores que em todo o mundo navegam na internet, até chegar a todos. Para já, afeta 30 milhões, pelas contas do Gizmodo. Até meados deste ano será global, seguindo o roadmap já anunciado.
Quem já está a beneficiar da novidade vai sabê-lo porque recebe (ou recebeu já) uma notificação quando abrir o navegador, a informar que é um dos primeiros a experimentar o novo Tracking Protection. Na mesma notificação explica-se que o Tracking Protection limita a capacidade dos sites que o utilizador visita para usarem cookies que rastreiam os seus movimentos online.
No entanto, e para garantir que a experiência online não é prejudicada pela mudança, o utilizador pode reverter a nova proteção contra cookies de terceiros. Para que os sites continuem a funcionar normalmente com esta função ativada precisam fazer algumas modificações, que podem ainda não estar afinadas. É a pensar nisso que a Google dá esta opção aos utilizadores que será exibida quando o browser detetar problemas na navegação. Para reativar temporariamente os cookies de terceiros, basta carregar no ícone com um olho que aparecerá na barra de menu do browser (na parte de cima do ecrã, à direita) e desativar o Tracking Protection.
A Google tem vindo a trabalhar há vários anos num sistema alternativo aos cookies de terceiros, que têm estado debaixo do olho dos reguladores, por causa da recolha massiva de dados dos utilizadores enquanto estes navegam online.
A empresa apresentou a iniciativa Google Privacy Sandbox em 2019, que propõe um sistema alternativo de recolha e partilha de dados de navegação, também ele visto com reticências pelos reguladores e pelos próprios anunciantes, preocupados com a possibilidade do sistema dar ainda mais poder à empresa na sua área de receita mais importante, a publicidade.
Quatro anos depois e com muitos ajustes pelo caminho, para “acalmar” os receios dos reguladores, a Privacy Sandbox chegou ao Chrome em setembro do ano passado, com disponibilidade geral das respetivas APIs. Dessa forma, os fornecedores de publicidade e programadores podem integrar a tecnologia, entretanto integrada também nos produtos da empresa e testada ao longo do tempo com grupos de utilizadores. O modelo na base da Privacy Sandbox funciona agrupando utilizadores em função dos interesses demonstrados nas suas pesquisas mais recentes. Os cookies de terceiros recorrem aos dados individuais de cada utilizador.
A tecnologia usada pela Google para fazer esta triagem de preferências chama-se Topics e permite ao browser identificar um conjunto de tópicos específicos relacionados com os interesses do utilizador e tendo por base o seu histórico de navegação, ao longo de uma semana.
Estes tópicos (mais de 350, onde se incluem temas sensíveis como a raça ou religião) serão sempre selecionados apenas no dispositivo do utilizador, sem recorrer a servidores externos, incluindo os da empresa, e serão atualizados a cada três semanas.
Para conseguir avançar com a Privacy Sandbox, a Google teve de fazer várias concessões e alterar até a tecnologia de base para a recolha de informação. Ainda assim, cada novidade nesta área continuará a ser monitorizada, nomeadamente pelo regulador britânico, que obrigou a empresa a algumas destas mudanças, para acautelar um ambiente de concorrência para as empresas, que passam a ter de usar as ferramentas da Google para chegarem aos milhões de utilizadores do Chrome.
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