A Câmara Municipal de Tóquio quer ver a população a casar-se e ter filhos, um flagelo que está a ser uma tendência no Japão. O pensamento “hitori” (solteiro) continua a crescer e o “futari” (casais) diminui, algo que a capital do país pretende combater com o encorajamento dos japoneses em se casarem.

O governo local oferece uma página online para informações gerais e aconselhamento, está também a ser criada uma aplicação, avança a Associated Press. Esta aplicação deverá chegar no final do ano, acessível nos smartphones ou na web.

Apesar da iniciativa incentivar à formação de casais, esta tem algumas polémicas associadas, sobretudo no que diz respeito à burocracia e acesso a dados pessoais sensíveis. O utilizador tem de confirmar a sua identidade, através de uma carta de condução, por exemplo, mas também provar os seus rendimentos através de documentos fiscais. Os candidatos têm ainda de assinar um formulário onde se comprometem a casar. Os rumores referem que outros dados como a altura, profissão e educação podem ser também necessários registar.

Recentemente foram partilhados relatórios com a informação de que os casamentos estão a diminuir no Japão e a taxa de natalidade a registar valores baixos históricos. Em 2023 registou o seu oitavo ano consecutivo de quebra, revelou o Ministério da Saúde do Japão, referindo-a como uma situação crítica e alertando as autoridades a fazer tudo o que fosse possível para inverter a tendência. Este flagelo está a tornar a população japonesa envelhecida e a encolher, com impacto na economia e segurança nacional.

As estatísticas revelam que a taxa de fertilização do Japão, ou seja, a média de crianças que uma mulher japonesa espera ter ao longo da sua vida é de 1,2, num registo de 2023. No ano passado nasceram cerca de 727 mil bebés no país, numa descida de 5,6% face ao ano anterior e igualmente o pior registo desde que começaram a ser registadas estes dados em 1899. Os casamentos caíram também 6%, sendo apontado como o principal fator para o declínio da taxa de nascimentos.

Outros incentivos a nível nacional passam por pagamentos adicionais a famílias com crianças, assim como creches de suporte aos pais. Mudanças favoráveis nas politicas de imigração também estão a ser tratadas para encorajar trabalhadores estrangeiros.

Um dos problemas para a formação de casais é a falta de tempo (e paciência) para o processo de conhecer pessoas fora do ambiente de trabalho. Um sociólogo japonês refere que as pessoas até querem casar, mas desejam saltar o romance. Há um aumento na procura de encontrar um parceiro para casar, sobretudo em Tóquio, onde se encontra a população mais jovem.