A internet e as redes sociais foram um escape para a população que se viu confinada em suas casas durante a pandemia de COVID-19. Apesar de ser uma forma de familiares e amigos se manterem em contacto, o aumento de utilizadores foi também aproveitado pelos predadores sexuais, resultando num crescimento acima de 1.000% da partilha de imagens de crianças vítimas de abusos sexuais, desde o confinamento.
O relatório é da Internet Watch Foundation (IWF), que refere que os efeitos da pandemia levaram ao aumento dos abusos sexuais das crianças online. Desde 2019 houve um crescimento de 1.058% do número de páginas de internet a mostrar imagens e vídeos de abusos sexuais em crianças com idades compreendidas entre 7 a 10 anos. Estes conteúdos terão sido gravados através de equipamentos ligados à internet, depois do contacto feito por um predador sexual.
O facto de as crianças estarem mais dependentes das plataformas online para terem aulas, socializarem ou jogarem, foi aproveitado pelos predadores a explorarem e coagirem mais crianças em atividades sexuais, por vezes até incluindo os seus amigos ou familiares, utilizando webcams ou smartphones.
Entre os dados publicados recentemente pela IWF, consta que em 2022 houve 63.050 websites reportados como contendo imagens de crianças que foram coagidas a fazer atos sexuais gravados por predadores online. Esta categoria sofreu um aumento de 129% face a 2021, onde foram registados 27.550 websites com estes conteúdos. Mas quando comparado com 2019, antes da pandemia, que teve 5.443 registos, esse número significa então um aumento de 1.058%.
Os números mostram ainda que das imagens realizadas em 2022 de crianças com idades entre os 7 e os 10 anos, 14% (8.930 websites) continham material classificado como Categoria A, ou seja, o nível mais severo, com imagens que incluem atividades de penetração sexual, atividades que incluem animais ou sadismo. A IWF diz que 2022 registou um recorde de partilha de material abusivo.
A organização britânica que vigia os abusos online a crianças, salienta que é necessário atuar “para que o crescimento que estamos a observar agora não se torne endémico”, apelando à continuação do investimento em programas e estratégias de prevenção para evitar que as crianças se tornem vítimas de abuso sexual e que os predadores sejam perseguidos e levados à justiça.
O relatório dá vários exemplos de vídeos em que as crianças são instruídas a fazer determinados atos sexuais, enquanto são gravados pelos predadores, alguns chegam mesmo a ser apanhados em flagrante pelos seus familiares. São imagens que depois foram partilhadas online, nos diversos websites assinalados como conteúdos ofensivos.
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