Este ano há eleições marcadas em 60 países. Portugal já teve as suas. França acabou de cumprir a primeira volta, o Reino Unido está na reta final das campanhas e nos Estados Unidos Biden e Trump voltaram a enfrentar-se na semana que passou. Os debates eleitorais são normalmente transmitidos via televisão, em canais de transmissão nacional e sinal aberto. Um acesso tão generalizado a um conteúdo que, pelo menos em teoria, interessa a toda a gente num país, pode ter impacto na utilização da internet? Pode e tem, ainda que em escalas diferentes consoante os países (e de forma menos relevante do que o futebol), como mostra um conjunto de dados apurados pela Cloudflare.
O debate entre o presidente Joe Biden e Donald Trump, na passada sexta-feira 27 de junho, centrou a atenção dos americanos e durante o evento, transmitido pela CNN e o tráfego de internet no país caiu 2%, face à mesma hora e dia da semana anterior. Os dados da Cloudflare também mostram que nos momentos antes do debate o tráfego online aumentou 4% e logo a seguir ao fim da transmissão aumentou 6%.
Essa variação teve mais impacto entre Estados do que a nível nacional, com Estados como Vermont, Dakota do Sul, Wyoming ou Alaska a serem aqueles onde a navegação na internet mais diminuiu durante o confronto pré-eleitoral (entre 16 e 17%).
Nos seis Estados apontados habitualmente como decisivos nas eleições americanas (Arizona, Georgia, Michigan, Nevada, Pennsylvania e Wisconsin) o tráfego caiu entre 5% e 8%.
Em França, a semana que passou também teve debates para as eleições realizadas no fim-de-semana. Durante o principal debate, no dia 25 de junho, o tráfego de internet no país caiu 14%, ainda assim menos do que umas horas antes, quando a França e a Polónia se defrontaram no campeonato europeu. Nesse período caiu 16%.
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No Reino Unido, o dia 26 de junho também foi dia de debate eleitoral. Enquanto os dois principais candidatos estavam frente a frente na antena da BBC, o tráfego de internet no país caiu 7%. Este impacto não foi igual entre regiões, foi maior no País de Gales onde a atividade na internet chegou a diminuir 11% durante a transmissão.
Voltando aos Estados Unidos, com eleições marcadas para novembro, a análise da Cloudflare também procurou identificar os sites mais impactados por variações de tráfego durante o debate. Concluiu que as pesquisas relacionadas com sites associados à campanha de Joe Biden aumentaram 176% a seguir à transmissão. Já as pesquisas por sites associados à campanha de Trump aumentaram 803%.
No que se refere aos sites de angariação de fundos das duas campanhas, o recorde também é de Donald Trump. Uma hora depois do debate começar, o tráfego aumentou 830%. Ao início da madrugada estava 1270% acima do verificado uma semana antes, à mesma hora.
Além da emissão televisiva, o debate americano foi transmitido em diferentes plataformas online, como o YouTube ou o TikTok, onde o tráfego aumentou cerca de 4% nesse espaço de tempo. Já em plataformas propícias ao comentário político, como a rede social X, o tráfego de internet aumentou 41% no início do debate. A Cloudflare revela ainda que no mês de junho (até dia 27) o seu serviço Cloud Email Security processou 2,5 milhões de mensagens com as palavras Biden ou Trump no assunto, com o nome Trump a aparecer 13% mais do que o nome do atual presidente americano.
As mensagens com o nome Trump no assunto também tinham mais spam (3% contra 0,8%) e mais conteúdo malicioso (0,6% e 0,2%). No que se refere ao nível de ataques informáticos, não é tão fácil estabelecer uma correlação com o período eleitoral, porque o nível de eventos se mantém elevado, a Cloudflare só confirma que registou desde abril alguns ataques de negação de serviço dirigidos ao governo, organizações estatais ou sites políticos americanos.
No dia do debate não existiu nenhum evento deste tipo relevante. O mais significativo nos dias anteriores ocorreu no dia 24 de junho e visou um think thank com atividade política relacionada com as eleições. Durou 10 minutos, durante os quais foram enviados 35 mil pedidos de acesso ao site por segundo, para esgotar a capacidade de resposta dos servidores e torná-lo inacessível.
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