A Austrália prepara-se para colocar em prática em Dezembro uma nova estratégia de combate à criminalidade informática que pode incluir a limitação do acesso à Internet por parte de utilizadores cujos computadores tenham sido infectados e "sequestrados" por redes de PCs zombie. Os EUA, que também procuram uma solução nessa matéria, admitiram estar a estudar a aplicação de parte do plano, avança a Associated Press.

Entre as medidas avançadas pela Austrália, onde foram ponderadas possibilidades como o bloqueio de sites ilegais, está também a possibilidade de requerer aos fornecedores de serviços de Internet (ISPs) que avisem os clientes quando a segurança das suas máquinas foi comprometida e estes se encontram sob o controlo de botnets - usadas para cometer crimes e ataques informáticos, disseminar spam e malware - para que estes corrijam os problemas de segurança.

Quando os proprietários das máquinas não resolvam o problema, as autoridades podem mesmo ordenar o corte do acesso à Internet por parte dos ISPs.

As acções a implementar pelos norte-americanos não devem ir tão longe, garantem a maioria dos peritos ouvidos pela AP. Mas o coordenador para a área de cybersegurança da Casa Branca, Howard Schmidt admitiu à agência que o país está a estudar formas de enfrentar o crescente número de ataques a sistemas informáticos públicos e privados.

Em cima da mesa estão possibilidades introduzidas pelo modelo australiano, como os avisos por parte dos ISPs quando os computadores dos utilizadores estiverem a ser controlados por hackers, através de botnets, avança a agência.

"Sem segurança não há privacidade", defende Howard Schmiedt, citado pela AP, realçando a necessidade encontrar formas "voluntárias" de ajudar as empresas públicas e privadas a defenderem-se das ameaças online. Os ISPs podem ajudar-nos a garantir uma limpeza quando os sistemas foram infectados e a assegurar que estes se mantêm limpos, acrescentou.

Um dos peritos em segurança informática ouvido pela agência disse que os fornecedores de serviços de Internet estão preocupados com um aumento da regulação nesta matéria e temem uma reacção negativa por parte dos clientes a possibilidades como a monitorização e outros tipos de controlo de segurança.

James Lewis, que colabora com o centro de estudos estratégicos e internacionais (Center for Stategic and International Studies), defende que os clientes podem não querer que os ISPs lhes cortem o acesso à net se o seu PC estiver infectado e podem reagir mal à imposição de assegurarem que o computador se encontra "limpo". Deverão, no entanto, estar mais receptivos a soluções que passem por avisá-los de que a máquina está em risco e ajudá-los a erradicar o software malicioso, oferecendo instruções, correcções ou programas antivírus, por exemplo (mesmo que seja uma solução paga).

Uma solução do género está a ser testada actualmente pela operadora Comcast, em Denver, onde desenvolve um programa piloto que alerta os clientes cujos computadores estão sob o controlo de botnets.

Também o chefe de segurança da Microsoft, Scott Charney, apresentou recentemente uma proposta que defendia que qualquer computador infectado por uma botnet fosse automaticamente colocado de "quarentena", ficando sem acesso à Internet.