A Google chegou a um acordo com a editora Hachette Livre, uma das maiores de França, que lhe vai permitir digitalizar milhares de livros de autores franceses que já não se encontram disponíveis em edições impressas.

O memorando de entendimento entre as empresas foi anunciado ontem e abrange cerca de 50 mil obras, segundo os dados avançados pela Reuters, e confere à editora total controlo sobre os preços e conteúdos também em formato digital.

Este terá sido um dos factores determinantes para a decisão da editora, permitindo colocar "para trás das costas vários anos de desentendimentos com a Google", afirmou o director executivo da Hachette Livre, Arnaud Nourry, citado pela agência.

De acordo com a mesma fonte, entre os títulos a disponibilizar encontram-se livros de literatura, trabalhos académicos e obras de referência. Ficou estabelecido que a Google envia, a cada trimestre, uma lista dos livros que pretende publicar e a editora decide quais as obras que autoriza.

Os livros ficam depois disponíveis para leitura e comercialização no Google Books, a um preço determinado pela Hachette, e a Google envia uma cópia da obra digitalizada para a editora, que pode vender o livro digital também noutras plataformas.

As empresas afirmaram que as receitas das vendas serão partilhadas, mas não revelaram em que termos.

Embora não seja esperado grande retorno económico, o passo é considerado importante porque pode representar um ponto de partida para acordos com outras editoras europeias, adiantou o director do Google Books, Daniel Clancy, que adiantou que já tinham sido encetadas negociações.

O memorando não surge na sequência de qualquer processo legal, tratando-se apenas de uma negociação entre as duas empresas. A decisão mereceu uma reacção cautelosa por parte do Governo do país, que lamentou que a maior editora francesa tenha agido unilateralmente, antes da adopção de uma estratégia comum pelo sector.

Recorde-se que editores, autores e Ministério da Cultura franceses estão em negociações em matéria de digitalização de obras, no âmbito do programa Investimentos para o Futuro, que procura conjugar os direitos de autor, interesses económicos do sector e as expectativas do público em geral. Num comunicado divulgado depois do anúncio das empresas, o ministro da Cultura, Frédéric Mitterrand, salientou a necessidade de encontrar uma"estratégia comum".