Os deputados russos realizaram hoje uma sessão na Comissão do Senado para a Proteção da Soberania do Estado e Prevenção de Interferência nos Assuntos Soberanos da Rússia, que contou com a presença de representantes das empresas Google e Apple para se defenderem contra alegações de interferência nas eleições.
O argumento das autoridades russas é que as duas empresas se recusaram a remover o aplicativo Navalny das suas respetivas lojas na Internet, o que conduz o utilizador diretamente à página "Voto Inteligente" elaborada pelo líder da oposição russo que se encontra preso, Alexei Navalny, para tentar derrotar o partido no poder, Rússia Unida.
A iniciativa, que está em curso desde 2019 e incomoda o Kremlin, identifica por nomes e sobrenomes os candidatos com maior probabilidade de conseguir evitar a nomeação do representante do Rússia Unida, sejam eles liberais, comunistas ou nacionalistas.
"Há avisos oficiais do Ministério Público russo datados de 09 de setembro, para o CEO [presidente executivo] da Apple, (Tim) Cook e o CEO da Google, Sundar Pichai, exigindo que tomem medidas abrangentes para eliminar as violações da lei russa, contribuindo para a interferência ilegal nas eleições", disse o presidente da comissão parlamentar, Andrei Klimov, citado pela agência TASS.
No passado dia 10, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo convocou o embaixador dos Estados Unidos na Rússia, John Sullivan, para uma reunião em que Moscovo transmitiu a "inadmissibilidade de ingerência nos assuntos internos" do país.
A base jurídica que a Rússia usa para bloquear o aplicativo Navalny e a sua página "Voto Inteligente" é que a rede de escritórios e duas organizações do líder da oposição, incluindo o Fundo Anticorrupção, foram proibidas pela Justiça russa em junho passado, quando um juiz os declarou "extremistas".
Alexander Monin, o representante da Google que compareceu perante o Senado, disse hoje que a empresa "não toma partido" na arena política da Rússia e "respeita as leis de todos os países em que oferece os seus serviços".
O seu colega da Apple, que recusou fazer comentários aos jornalistas, utilizou "subtilezas legais" para justificar a não remoção do aplicativo Navalny, de acordo com Kilmov.
A Apple declarou-se ainda disposta a entrar em diálogo direto com as autoridades russas e ajudá-las, de acordo com um comunicado da comissão do Senado, segundo a agência Interfax.
As autoridades russas acusam ainda outras empresas americanas - como a Cisco e a Cloudflare - por ajudarem a contornar o bloqueio de páginas 'online' proibidas na Rússia, como o "Voto Inteligente", para além de terem bloqueado seis outros aplicativos VPN (tecnologia que permite contornar mecanismos censórios na Internet).
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