A Google vai passar a usar inteligência artificial para estimar a idade dos utilizadores e restringir o acesso a alguns conteúdos, quando o sistema identifica que são crianças. A empresa já tinha falado nisso, quando apontou as prioridades do YouTube para 2025, voltou a reforçá-lo noutra publicação e a mostrar que a tecnologia não vai ser apenas usada na plataforma de vídeos.

O modelo avança, para já, numa versão de teste, aplicada apenas nos Estados Unidos. Foi treinado e vai ser aperfeiçoado para identificar utilizadores com menos de 18 anos.

Este é um recurso adicional à validação de idade, que a plataforma faz diretamente com os utilizadores quando estes se registam nos seus serviços. Como se sabe, nem sempre os dados fornecidos são corretos e isso impede que sejam postas em práticas as salvaguardas que já existem para afastar os menores de conteúdos inapropriados para a sua idade

O anúncio da decisão feito primeiro no blog do YouTube, diz que a empresa “está focada na proteção dos utilizadores mais jovens” e que foi por isso que lançou o YouTube Kids, as contas supervisionadas e implementou um conjunto de outras iniciativas.

Bastam 20 minutos para Instagram recomendar conteúdos “picantes” a menores de idade
Bastam 20 minutos para Instagram recomendar conteúdos “picantes” a menores de idade
Ver artigo

Na mesma nota, explica-se que é também por isso que “vamos usar machine learning em 2025, para nos ajudar a estimar a idade dos utilizadores e a distinguir visualizações de adultos e de crianças, de forma a conseguir oferecer a melhor experiência e a proteção mais adequada a cada idade”.

Noutra publicação, no blog da empresa, um dia depois, a Google voltou a dar destaque ao mesmo tema e reconheceu que um dos maiores desafios à disponibilização das salvaguardas apropriadas para utilizadores mais jovens é perceber a sua idade”. Nesta publicação a empresa dá a entender que vai utilizar a tecnologia de forma abrangente e que o plano é estendê-la a mais países ao longo do tempo.

A Google não é a primeira empresa a usar a tecnologia para este fim. A Meta (dona do Facebook, WhatsApp e Instagram) está a fazer o mesmo, o que pode ser uma boa notícia para contornar um problema real. Isto, claro, desde que as empresas não aproveitem para recolher mais dados de perfil dos utilizadores jovens do que aqueles que realmente precisam para determinar que são menores.

Um estudo realizado em 2022 já mostrava que as crianças são uma faixa etária fundamental para as receitas publicitárias das redes sociais. Contas feitas só para os Estados Unidos, plataformas como o Instagram, Facebook, ou YouTube faturaram nesse ano nos EUA quase 11 mil milhões de dólares em receitas publicitárias para este target.