Diz que chegou ao Instagram tarde, numa altura em que “já toda a gente tinha perfil”, e que ao princípio “nem sabia muito bem o que escolher para publicar”, mas curiosa e persistente por natureza e com a ajuda de alguns amigos “que percebem mais do assunto e vão dando umas dicas”, Luísa Correia, mais conhecida como Louise L’amour, tem hoje um feed que reflete a beleza da sua arte: o burlesco.

Ao início não havia estratégia de publicação e ainda agora a regularidade não é um dado adquirido, “embora tente”, porque se umas vezes há menos espetáculos, noutras falta a lembrança de puxar do telemóvel para criar conteúdos e postar - já sem falar da falta de inspiração em alguns momentos.

O trabalho com as redes sociais começou a ser mais “polido” de há dois anos para cá, acompanhando os perfis de pessoas que partilham a mesma arte ou outras páginas atraentes visualmente, mas também “ouvindo aqui e ali”.

Hoje Luísa Correia planeia e adapta a ordem dos posts para criar manchas esteticamente apelativas, conjugando fotos de palco e fotos de estúdio, que possam refletir o colorido e brilhante burlesco.

Veja algumas das imagens que Luísa Correia partilha como Louise L’amour no Instagram

Há algum receio que as fotos publicadas criem uma barreira, “sugiram algo como que inacessível, quase o bonito demais”, confessa, mas se existe algo que não pode ser descurado é o sentido estético, sublinha a artista.

“Quando tenho uma série de fotos mais escuras, mais de palco, tento sempre ir compensando com fotos de estúdio mais coloridas ou de fundo branco”, explica Luísa Correia.

E nisto das redes sociais, nem sempre a expetativa corresponde à realidade, ou seja, nem sempre o empenho colocado numa fotografia tem o correspondente em likes e comentários. “Às vezes as fotos que nos dão mais trabalho são aquelas que suscitam menos interesse às pessoas”.

Luisa Correia só ainda não chegou ao TikTok. “Já tentei, mas é difícil aprender aquelas coisas todas. Há vídeos de transformação no burlesco que acho maravilhosos. Se eu consigo fazer? Não. Eu para fazer um Real de 20 segundos ainda demoro três horas!”.

A maior aposta é no Instagram, mas o Facebook continua a fazer sentido

Além do Instagram, Luísa Correia também mantem página no Facebook, fazendo igualmente a gestão da página da associação Grande Cabaret Lisboa, da qual é cofundadora, juntamente com Veronique Divine, e da página do The Spectacular Cabaret Fest, evento que terá em breve a sua quinta edição.

O Facebook faz sentido porque a maioria do público dos espetáculos de burlesco tem um intervalo de idades que varia entre os 35 e os 60 anos, referiu ao SAPO TEK. Ainda assim, é a partir do Instagram - onde todos têm conta - que é feita a maior parte da partilha das publicações, refletidas automaticamente no Facebook.

O The Spectacular Cabaret Fest foi o último a ter perfil no Instagram, criado em 2022, altura em que regressou ao formato presencial depois de dois anos de espetáculo online, transmitido via Vimeo, devido à pandemia.

“Já usávamos o Instagram do Grande Cabaret Lisboa para promover todos os nossos eventos, incluindo o festival, mas no ano passado decidimos que fazia sentido começarmos a divulgar o festival num perfil próprio”, explicou Luisa Correia.

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Sem quaisquer financiamentos oficiais, o projeto tem vingado “com alguns parceiros e a muito boa vontade de muitos amigos”. Este ano tem verba para dedicar às redes sociais e conta com o apoio da Cartola de Artistas, para ajudar na gestão de conteúdos e no design.

Gastar dinheiro no Instagram para promover um post no Instagram era algo que parecia impossível no início, mas que agora já faz parte dos planos para conseguir mais “reach”, mas é sempre uma incógnita.

“Não é fácil: há hashtags que funcionam num dia e no outro já não. É um caminho constante descobrir como isto funciona para um dia acordarmos e termos 100 milhões de seguidores e filas e filas para comprar bilhetes”, diz Luisa Correia.

Os contactos de trabalho para espetáculos que surgem através de mensagens enviadas via Instagram também são, cada vez mais, importantes e usuais, representando já cerca de 50% do total.

Independentemente da plataforma e de ser online ou “offline”, Luísa Correia quer garantir que o cuidado estético que anda a par do burlesco transparece acima de tudo.

“Vendemos sonhos sejam eles mais políticos, sejam eles mais sensuais, sejam eles mais cómicos ou não. O nosso trabalho tem de estar o máximo possível bonito, colorido e brilhante, próximo da arte que fazemos”.

E se nas redes sociais o The Spectacular Cabaret Fest “acontece” maioritariamente no Instagram, fora das redes sociais vai para a sua quinta edição, com a promessa de reunir mais de 30 artistas convidados, nacionais e internacionais, que prometem “encantar Lisboa” com o seu burlesco e outras artes performativas, como ilusionismo, aéreo, acrobacia, “drag”, circo, dança, canto, equilibrismo e “freekshow”. Para ver nos próximos dias 6 e 7 de outubro no Espaço Laboratório, em Lisboa.