Bárbara Barroso é, provavelmente, uma das caras mais conhecidas quando falamos de literacia financeira e nos últimos anos já a vimos em múltiplos programas de TV, em conferências, palestras, masterclasses e em fotografias com celebridades, algumas do mundo do futebol como Cristiano Ronaldo, Fernando Santos ou Ronaldinho, mas é também nas redes sociais que divulga muito do seu trabalho.
“Não fui eu que escolhi a literacia financeira, foi a literacia financeira que me escolheu a mim”, explica Bárbara Barroso que depois de uma carreira no jornalismo económico acabou por decidir avançar com um percurso independente na formação em finanças pessoais, sempre com passos certos e contas bem feitas, como seria de esperar de alguém que faz da comunicação nesta área o seu “core business”. Hoje assume-se como opinion maker, ou produtora de conteúdos, e tem já no rol uma série de “produtos” com a marca MoneyLab e uma presença no Facebook, LinkedIn e Youtube com milhares de seguidores.
Desde que se lembra, no jornalismo Bárbara Barroso esteve sempre muito ligada aos temas da literacia financeira e finanças pessoais, com informação de utilidade para o bolso das pessoas, ao mesmo tempo que trabalhava a área considerada mais séria, da banca, as notícias de economia e os escândalos financeiros.
“Percebi que tinha jeito para descomplicar o que para a maioria das pessoas é complexo”, explicou em entrevista ao SAPO TEK.
As bases do jornalismo, onde entra o rigor e a ética, associadas a características pessoais de capacidade de comunicação, mas também de curiosidade e interesse em estar sempre a aprender e a descobrir coisas novas, são alguns dos ingredientes que se misturam no percurso de Bárbara Barroso, que se assume como uma pessoa de pessoas, com uma grande capacidade de empatia e gosto por trabalhar em equipa.
Clique nas imagens para ver alguns dos momentos do percurso de Bárbara Barroso e da MoneyLab
Foi convidada para fazer palestras, criou blogs pessoais e foi percebendo que o seu conhecimento estava a ajudar as pessoas, no Bárbara Barroso no SAPO e depois no Dicas da Ba. Dai até criar a MoneyLab foi um passo curto, com a empresa a concentrar as várias atividades de formação e projetos pessoais, e a ideia sempre foi de trabalhar para promover a literacia financeira, que é muito reduzida em Portugal.
“Estou a trabalhar nesta área há 18 anos e fiz muitas reuniões, bati a muitas portas e tentei muitos caminhos para seguir esta visão de descomplicar o mundo financeiro para o cidadão comum”, conta Bárbara Barroso, defendendo que há uma enorme falta de literacia financeira em Portugal, um problema que se sente em todas as idades, todos os níveis de escolaridade e todos os estratos sociais.
“Devia existir educação financeira nas escolas […] todos temos de entregar a declaração de IRS e as pessoas não têm formação para isso. Se queremos conduzir temos de tirar a carta de condução e nesta área não há ninguém que ajude a perceber as regras”, afirma.
A informação que existe está normalmente muito centrada numa linguagem fechada, com muito jargão financeiro, e isso não ajuda os cidadãos a tomar decisões informadas em áreas que são absolutamente centrais para a sua vida, que têm a ver com a gestão do dinheiro, créditos e aplicações financeiras. Por isso Bárbara Barroso defende que é preciso comunicar de forma clara, explicar conceitos e ensinar a pensar, ajudando as pessoas a tomar decisões informadas.
“Já tive várias iniciativas ligadas à educação financeira nas escolas e dei aulas a turmas de todos os anos, do quarto ao 12º ano e também na Universidade Sénior”, sublinha, uma experiência que ajudou a consolidar a forma de comunicar para os diferentes públicos e que se conjuga com o conhecimento da realidade do país, de ponta a ponta e fora das grandes cidades, através da tourné com o Roadshow financeiro. “Falo com conhecimento de causa. Estou muito triste por continuar na cauda da Europa […] é um problema transversal à sociedade”, justifica.
Num mundo onde a informação está à distância de uma pesquisa no motor de busca, a comunicadora admite também que o desafio é encontrar a informação certa que oriente as escolhas financeiras, até porque a atual crise acaba por dar espaço a muitos oportunistas, que dizem ter a resposta certa. “Se alguém der uma resposta de caras [sobre o melhor investimento] fujam. Cada pessoa é única, cada situação é única”, defende, lembrando também que há muitos conflitos de interesses e que esta é uma área muito sensível.
“Se procurar na internet como invisto, ou como poupo, o número de resultados é dantesco”, admite. A curadoria da informação, a metodologia e o rigor, assim como a credibilidade do site e da pessoa, são elementos que têm de ser validados e para a criadora de conteúdos faz sentido ir procurar referências e pessoas com provas dadas.
Dos blogs para a MoneyLab
Ainda no jornalismo, Bárbara Barroso começou a fazer vários trabalhos de formação e a criar o blog em nome próprio onde partilhava dicas de investimento. Uma publicação relacionada com o portal eFatura e a declaração das faturas “explodiu” no blog e a empreendedora diz que acabou por levar as Finanças a adiarem um prazo que estaca marcado, e isso fez com que percebesse o potencial da internet. “Estavamos na transição, a imprensa escrita demorou muito tempo a ir para o digital […] percebi que conseguia ter uma voz [no blog] com peso igual e isso fez o clic”, defende.
“Percebi que a internet dava oportunidade a todos os cidadãos que tinham algo a comunicar”, admite Bárbara Barroso.
A partir dai começou a dedicar-se mais ao blog, e como já tinha a empresa MoneyLab tirou partido da marca para criar os vários projetos, do programa Market 2 Market ao podcast que agora assinalou os 3 anos. “Do ponto de vista financeiro chegou a uma fase em que posso dar esse salto”, reconhece, apesar de admitir que foi um desafio e que teve muita dificuldade em entregar a carteira de jornalismo, mas que agora é mais livre na comunicação. “Faço coisas que não me aprovaram no jornalismo”, admite, sobretudo ao nível da liberdade na linguagem, e na utilização do humor.
Primeiro começou sozinha, e apesar de confessar não ter grande jeito para a tecnologia aprendeu a fazer landing pages, sites e a trabalhar com as várias ferramentas e programas que ajudaram a desenvolver os projetos. “Tive de aprender tudo no mundo da comunicação online e das redes sociais, perceber o analytics, o que impacta mais e melhor, a comunicação numa determinada rede”, explica, dizendo que quando não sabe recorre a tutoriais e sites online onde procura desenvolver as suas competências. Agora que já tem mais ajuda continua a gostar de acompanhar tudo, mas já aprendeu a delegar mais.
A MoneyLab tem crescido e trabalha em três áreas de atuação, da formação aos conteúdos e coaching financeiro, com a presença em várias aulas de âmbito mais reservado, como as que acontecem na Academia do Benfica, ou mais aberto a alunos de vários cursos, sempre aliando a boa disposição à informação de finanças pessoais.
O podcast é uma das referências e o MoneyBar assinalou agora os três anos de existência, com vários episódios a chegarem aos tops de podcasts em Portugal.
“Amo fazer o podcast, é onde sou mesmo eu”, afirma, e a maneira como comunica tem ajudado a trazer muitos jovens, e menos jovens, para as várias iniciativas que promove, entre as quais as Masterclasses que têm ganho uma dimensão cada vez maior, com centenas de pessoas online durante a pandemia e com mais de mil participantes que em maio estiveram na Altice Arena para a maior aula de Finanças Pessoais em Portugal, com uma produção que esteve longe da formalidade com que habitualmente são tratados estes temas.
Pelo meio está também a publicação de livros, como a “Agenda da Poupança 2017”, “Tempos Complicados, Soluções Simples – Aprenda a Gerir Melhor o Seu Dinheiro”, “19 Passos para Sobreviver à Crise” e o mais recente “Ponha o seu dinheiro a trabalhar para si”.
Bárbara Barroso afirma que as histórias das muitas pessoas com quem vai falando e as mensagens que recebe são inspiradoras e ajudam a fazer com que tudo valha a pena e faça sentido neste percurso. E por isso vai partilhando nas redes sociais algumas das mensagens, chegando aos milhares de seguidores e potenciando os vários canais de comunicação.
A visão para o futuro é muito estruturada e a opinion maker diz que não acredita em marcas unipessoais e não é isso que quer fazer. “A MoneyLab nasceu de mim mas é maior, quero que exista além de mim e estamos a fazer esse caminho”, afirma, apesar de continuar a ser o principal rosto do projeto.
“Adoro trabalhar em equipa e sei que quando vamos sozinhos podemos ir mais depressa mas juntos vamos mais longe”, sublinha
Para Bárbara Barroso a MoneyLab deve continuar focado na literacia financeira e o futuro passa por essa capacidade de chegar a mais pessoas, liderando a iniciativa que dever ter mais protagonistas. Ao SAPO TEK admitiu que a internacionalização não está ainda nos horizontes próximos mas pode ser um dos planos futuros. “Temos ainda tanto para fazer e impactar em Portugal que preferimos dar passos sólidos”, justifica.
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