Longe vão os tempos em que tínhamos de folhear as páginas de um livro ou de uma revista para encontrarmos inspiração para um jantar em família ou com amigos, para impressionar convidados ou simplesmente para uma refeição do dia a dia com um toque especial.
Hoje, basta pegar no smartphone para aceder a um universo culinário online entre websites e blogs, canais de YouTube e páginas nas redes sociais e é aqui onde encontramos Faz & Come, projeto criado por Rui Ribeiro, que segue o lema “ligar o forno e ser feliz”.
Cozinheiro de profissão, com estudos na área da Cozinha e Pastelaria, o chef e criador de conteúdo conta ao SAPO TEK que, antes de se lançar no mundo online com um blog, chegando depois às redes sociais, tudo começou com um espaço de workshops em casa, numa espécie de cozinha didática.
Em 2014, inspirado pelo trabalho de dois amigos, que conheceu durante um workshop de cozinha em Espanha e que já tinham um blog na altura, começou a pensar que “não era má ideia começar a publicar receitas online” e decidiu embarcar na aventura da blogosfera.
Esta tem sido uma viagem de aprendizagem, mas também de adaptação. Como admite, no início, “não fazia ideia” de como é que as coisas funcionavam, mas não tem intenção de esconder esse processo de crescimento e ainda mantém, por exemplo, na sua página no Instagram, fotos de quando tudo começou, mesmo que sinta que a qualidade das mesmas não seja a melhor.
Mas como é que tudo funciona no Faz & Come? Rui guia-nos pelos bastidores. Da concepção e confecção das receitas à montagem do cenário e captação de fotografias para o blog e redes sociais, é quase um one man show.
Mais recentemente, o vídeo também entrou no leque de tarefas do projeto, à medida que o Instagram e outras redes sociais passaram a dedicar mais espaço a este formato. O chef e criador de conteúdo conta que “até estava mais à vontade na parte da fotografia”, uma vez que gosta, mas o vídeo trouxe um novo desafio.
“Como sabemos, o Instagram e 'companhia' começaram a exigir vídeos para conseguirmos sobreviver”, afirma. “Comecei a adaptar-me, vamos trabalhando e aprendendo”.
Apesar de fazer alguns vídeos, Rui explica que, dependendo do tipo de trabalho em mãos, também pede ajuda a dois amigos na parte da captação de imagem e edição, sobretudo quando quer dar um aspecto ainda mais profissional ao conteúdo produzido.
Da parte de quem o segue, tanto nas redes sociais como no blog, Rui afirma que “não tem razões de queixa”. É certo que entre os comentários e “perguntas educadas” sobre as receitas, também surgem críticas mais fora do comum, mas em dose moderada.
As oportunidades e desafios das redes sociais
O universo da culinária online é certamente vasto, mas haverá espaço para novos projetos? Rui Ribeiro defende que “há espaço para mais pessoas e mais projetos”, mas com conteúdos que tragam, de facto, mais valor para quem os acompanha.
Por um lado, reconhece que “as pessoas é que escolhem o que querem ver”, mas, por outro, também existem certos tipos de conteúdo, que, apesar de não primarem propriamente pela qualidade ou até pelo valor que trazem para quem os está a ver, acabam por se tornar virais nas redes sociais, ultrapassando a marca dos milhares de seguidores e gostos.
“É isso que me faz muita confusão. (...) Eu não publico uma receita que não funcione ou em que chegue ao fim e não possa comer aquilo ou partilhar com outros”, enfatiza.
A par das mudanças impostas pelas plataformas, que impactam a forma como produzem conteúdo, os criadores, incluindo do universo da culinária, enfrentam o desafio de terem de “lutar” por um espaço online com contas que produzem vídeos formulados especificamente para apelar aos sentimentos dos internautas, ou para “agradar” aos algoritmos, com o objetivo de gerar interações e lucrar a partir disso.
Rui conta que, apesar de não ter as mesmas centenas de milhares de gostos e seguidores que esses tipos de contas alcançam, o seu foco é criar conteúdo que consegue fazer a diferença para quem está do outro lado do ecrã e que reforça as parcerias com marcas, que assumem um papel relevante e que permitem abrir novas portas para o futuro do projeto.
A propósito de futuro, o chef e criador de conteúdo realça que gostaria de poder dedicar-se a 100% ao Faz & Come e, embora admita que “falta ainda alguma estabilidade”, está perto desse objetivo.
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