De acordo com um grupo de investigadores, os documentos da campanha eleitoral de Emmanuel Macron, que vieram a público durante a última semana, foram mediaticamente amplificados por membros da extrema-direita norte-americana, por bots e pela conta de Twitter do WikiLeaks.
A rápida disseminação dos conteúdos foi semelhante à registada durante a campanha que opôs Donald Trump e Hillary Clinton quando a candidata democrata viu os seus emails serem roubados e publicados na internet.
Chamados a responder acerca da possível existência de contas falsas e de spam na disseminação destes documentos, Twitter e Facebook recusaram-se a comentar o caso.
A análise conduzida pelo The Atlantic Council's Digital Forensic Research Lab determinou que a hashtag #MacronLeaks chegou a ultrapassar os 47 mil tweets em apenas três horas e meia. Na rede social, a expressão foi utilizada pela primeira vez por Jack Posobiec, um redator de Washington da publicação The Rebel, afeta à extrema-direita. A publicação de Posobiec foi partilhada 15 vezes num minuto e 87 vezes em cinco. O norte-americano diz, no entanto, que não utilizou quaisquer bots para partilhar os documentos e que recorreu apenas à sua conta para levar para o Twitter um post que tinha visto no 4Chan.
De acordo com Ben Nimmo, um dos responsáveis pelo The Atlantic Council, a hashtag viajou entre Estados Unidos e França com a ajuda de uma horda de bots numa altura em que as sondagens indicavam uma vantagem substancial de Macron sobre Le Pen.
Na conta do WikiLeaks também se registou grande atividade em volta do assunto. Ao todo, diz Nimmo, o leak foi tema de conversa em cerca de 15 tweets.
"Enquanto a publicação dominante no sector, estivemos várias horas à frente de outros portais", escreveu o WikiLeaks numa mensagem direta em conversa com um jornalista da Reuters. "É isso que os nossos leitores esperam de nós".
A investigação conduzida em torno do caso concluiu também que foram utilizadas frases muito semelhantes em vários blogs que publicaram textos acerca do leak. O objetivo terá sido colocar os blogs numa posição superior face às restantes plataformas nas pesquisas do Google.
O leak referente à campanha do agora presidente francês tinha 9GB de tamanho e foi publicado no Pastebin. Os especialistas sublinham que o conteúdo pode estar contaminado com documentos falsos.
Ainda com culpados por apurar, a Flashpoint aponta o dedo ao APT 28, um grupo de hackers ligado às forças militares russas. Os primeiros indicadores levaram a empresa de segurança informática a Moscovo onde um dos ficheiros foi alegadamente editado. As provas, no entanto, são ainda inconclusivas.
Recorde-se que várias agências norte-americanas de inteligência afirmaram já que os leaks de Hillary Clinton foram provocados com autorização do próprio governo russo embora o mesmo sempre tenha negado qualquer envolvimento no caso.
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