As grandes tecnológicas estão a testemunhar o flagelo de spam nas suas plataformas, com origem, ironicamente, nas ferramentas que têm vindo a desenvolver: a inteligência artificial. Muitos criadores de conteúdo estão a aproveitar as ferramentas de IA para criar vídeos em massa, a maior parte deles spam, de qualidade inferior ou sem interesse, inundando as redes sociais.

As empresas começam agora a reagir, apagando os conteúdos e a modificar os termos de monetização dos vídeos para responder a esse flagelo. Veja-se o YouTube que a partir de hoje alterou as suas políticas de monetização para promover conteúdo original e autêntico. Os canais que continuem a publicar conteúdos repetitivos, criados de forma massiva, correm o risco de ser suspensos ou mesmo removidos do programa de monetização do YouTube.

O Facebook é a mais recente rede social a tomar ações contra o spam de conteúdos criados com inteligência artificial. A Meta anunciou que removeu cerca de 10 milhões de perfis na plataforma, que assumiam produtores relevantes de conteúdos. No comunicado, a Meta diz que os criadores devem ser celebrados pelas suas vozes e perspetivas únicas, não afundados por imitadores ou roubos de identidade.

Utiliza IA para criar vídeos no YouTube? Plataforma reforça políticas para incentivar conteúdo original e autêntico
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A Meta diz que no primeiro semestre de 2025, tomou ação em cerca de 500 mil contas envolvidas em comportamentos de spam ou falsas conexões. Entre as medidas estão a diminuição da importância dos seus comentários e a redução da distribuição do seu conteúdo, para prevenir que essas contas monetizassem. Medidas que se juntaram às 10 milhões de contas que foram removidas, que assumiam o papel de criadores de relevo.

Mas existe mais a fazer. Muitas vezes o mesmo meme ou vídeo aparece repetidamente, por vezes de contas que fingem ser de um criador e outras vezes de diferentes contas de spam. Isso piora a experiência para todos e torna mais difícil surgirem vozes frescas”, lê-se no comunicado.

A plataforma promete novas medidas rígidas para melhorar o Feed e reduzir os conteúdos não originais no Facebook, protegendo por outro lado os criadores genuínos, incentivando-os a partilhar o conteúdo original. Para a Meta, o conteúdo não original é tudo aquilo que é reutilizado ou quando se utiliza repetidamente conteúdos de outro criador, sem lhe atribuir os devidos créditos, tomando vantagem da sua criatividade e trabalho árduo.

IA Meta
IA Meta A Meta está a testar um sistema de link que direciona os utilizadores para a criação original.

Mas a plataforma não pretende bloquear, ainda assim, os criadores que partilham conteúdo, mas adicionando comentários, tais como os vídeos de reação, ou a juntarem-se a uma tendência, mas participando com o seu ponto de vista. “O que queremos combater é as repetidas partilhas de conteúdos de outros criadores, sem permissão”. Para quem abusar das novas regras, as contas que partilhem vídeos, fotos ou textos de terceiros repetidamente, perdem não apenas os programas de monetização do Facebook, como vão ver uma distribuição reduzida de tudo o que partilham.

No caso de os sistemas detetarem vídeos duplicados no Facebook, estes vão notar a distribuição reduzida, para que os originais ganhem a visibilidade merecida, acrescenta a Meta. A empresa está a testar a adição de links automáticos aos vídeos duplicados, apontando os seguidores aos conteúdos originais.