Depois de alguns reveses judiciais no Verão passado em processos contra redes P2P, a associação da indústria cinematográfica virou agora a sua atenção para os utilizadores individuais, tendo anunciado ontem ao final do dia uma série de novos processos contra "grandes piratas" de filmes na Internet. A MPAA muda assim a sua estratégia legal à semelhança do que a RIAA já tinha feito no ano passado, esperando obter o mesmo tipo de resultados na redução de troca de conteúdos digitais que violam os direitos de autor.



Os novos processos civis vão ser iniciados a partir de 16 de Novembro contra um número não revelado de utilizadores de redes P2P. Os representantes legais da MPAA - que junta alguns dos maiores estúdios e editoras norte-americanas - estimam porém que não deverá ser atingido um número de processos equivalente aos lançados pela RIAA contra internautas, há que estes ultrapassam actualmente os 5 mil réus.



A mesma táctica de lançar processos contra utilizadores não identificados (designados no sistema norte americano por "John Doe") vai ser utilizada pela MPAA, permitindo desta forma contornar o problema da identidade dos internautas.




O presidente da Motion Picture Association of America defendeu em comunicado que a troca ilegal de filmes representam a maior ameaça ao negócio de produção cinematográfica na sua história. A MPAA estima que a produção, distribuição e marketing de cada filme custe em média 143 milhões de dólares e que diariamente sejam trocados e descarregados ilegalmente em redes peer-to-peer entre 115 e 148 mil filmes.



Não é ainda claro se os processados nesta primeira fase serão os indivíduos que apenas fazem download de ficheiros ou os que disponibilizam uma biblioteca de filmes em redes P2P a outros internautas, mas a MPAA está a visar utilizadores do Kazaa, eDonkey e Gnutella.



A associação já tentou perseguir legalmente estas redes mas ainda em Agosto um tribunal federal de apelo determinou que os operadores de redes P2P, como o Grokster e a StreamCast Networks, que gere o Morpheus, não podem ser responsabilizadas pelas acções dos seus utilizadores.



De acordo com os responsáveis da MPAA, este tipo de decisões legais e o crescimento das redes de banda larga que facilitam o download de filmes - com ficheiros de dimensões muito superiores aos de música - determinaram a mudança de estratégia legal.



O sucesso que a indústria discográfica teve com os processos que tem vindo a lançar no último ano, sobretudo pelo efeito dissuasor que aparentemente estão a ter, foi também um incentivo a esta nova atitude da MPAA.



Paralelamente a indústria cinematográfica tem vindo a desenvolver modelos de negócio assentes na distribuição de filmes através da Internet em serviços legais, mas o sucesso que as lojas de música online estão a ter ainda não contagiou esta área. A dimensão dos ficheiros e o facto da tecnologia de distribuição destes dados não ser ainda muito eficiente justifica esta diferença.

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