Está a nascer uma nova coligação de democracias para lutar contra campanhas de desinformação. Para já reúne os Estados Unidos, que lideram, o Canadá e o Reino Unido, mas a expectativa dos promotores é de que a prazo venha a ganhar o apoio de mais países.
O objetivo da iniciativa é ajudar a identificar campanhas de desinformação e os seus autores, para que essa informação possa chegar a quem a consome com identificação dos verdadeiros autores daquele conteúdo, entenda-se países e interesses que se escondam atrás de conteúdos publicados como suposta informação jornalística ou de outras fontes credíveis, como especialistas em determinadas matérias.
James Rubin, enviado especial dos Estados Unidos para a propaganda não oficial e para os esforços contra a desinformação de um gabinete em Washington dedicado especificamente a estes temas e mais concretamente à desinformação com origem em países estrangeiros, é um dos porta-vozes da iniciativa.
Explicou ao britânico The Guardian que a informação manipulada por Estados estrangeiros como a China, a Rússia ou o Irão é o principal objetivo do grupo, que considera a desinformação uma forma de ameaça à segurança nacional dos seus países e que defende a necessidade de respostas coordenadas de governos e sociedade civil.
“Chegou o tempo de uma abordagem coletiva à ameaça da manipulação estrangeira de informação”, defende a declaração de princípios assinada pelos países há dias, onde se propõem a agir de forma coordenada para responder ao fenómeno, partilhando informação e ferramentas de análise de informação, por exemplo.
“Por princípio todos os governos são livres de partilhar as suas posições, mas devem fazê-lo admitindo quem são”, defendeu James Rubin numa entrevista. “Queremos ajudar a promover mais informação baseada em factos e ao mesmo tempo encontrar formas de rotular aquelas operações de informação que têm origem no governo chinês ou no Kremlin, mas isso não é admitido”.
Nas mesmas declarações, o porta-voz faz questão de frisar que a atividade desta nova polícia não oficial das fake news que promovem interesses políticos não é a censura. O que se pretende é contribuir para disseminar mais informação baseada em fontes credíveis e arranjar formas de identificar junto de quem lê informação que deixará de ter essa conotação, se forem conhecidas as verdadeiras fontes.
Um exemplo dado pelo mesmo responsável é o seguinte: uma notícia que indica que os Estados Unidos usam armas biológicas na Ucrânia. Será diferente para quem lê saber que esta é uma informação veiculada por uma fonte jornalística, ou pelo regime russo. “Haverá sempre quem acredite em coisas loucas, mas pelo menos terá tido conhecimento da fonte daquela informação”, ilustra James Rubin.
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