O Plano de Ação para a Transição Digital é denso, mas o secretário de Estado afirma que foi arrumado de forma a ser mais facilmente percebido e direcionado a três grandes áreas de aplicação, com a aposta em três pilares de ação, destacando as pessoas e a capacitação e inclusão digital, as empresas e a transformação digital do tecido empresarial e a Administração Pública e a digitalização do Estado.  São as áreas onde existem mais fragilidades na sociedade e na economia, como explicou André de Aragão Azevedo em entrevista ao SAPO TEK, à margem do Portugal Digital Summit, a conferência organizada pela ACEPI.

Depois de ter conseguido a aprovação do plano ao fim de 100 dias e de ter garantido a criação da estrutura de missão Portugal Digital no início de setembro, André de Aragão Azevedo acredita que agora é a altura certa para comunicar as muitas medidas que integram o Plano de Ação, e do trabalho que está em curso e com metas bem definidas.

“As metas são ambiciosas, mas acredito que há condições para cumprir”, afirmou ao SAPO TEK, admitindo os desafios de estruturar todo o plano, articular as medidas e sistematizar os instrumentos. “É um desafio triplo, na conceção e desenho [do Plano], na implementação e na transparência e monitorização, que é um dos princípios orientadores do próprio plano”, afirma André de Aragão Azevedo, sublinhando a monitorização de forma clara dos KPI e das métricas de impacto com que se compromete a iniciativa.

Plano de Ação para a Transição Digital
Plano de Ação para a Transição Digital

“Tem de haver datas para ter [o Plano] ter credibilização. Depois podemos falhar em alguns casos,  e falharemos de certeza, mas se não assumirmos este objetivo dificilmente lá chegamos”, defende André de Aragão Azevedo.

Este controle vai ser feito através de um portal onde qualquer pessoa poderá acompanhar o desenvolvimento das medidas, aprofundado a informação de cada um dos indicadores e das medidas emblemáticas, explica. O procedimento para o desenvolvimento do portal já está em curso e esta pretende também ser um instrumento de gestão para a equipa do Portugal Digital e dos próprios programas.

A área da formação, com o programa UpSkills e a introdução de novos percursos formativos no Catálogo de Competências, as iniciativas de digitalização para as empresas, com os programas e-Residency e a aposta na lógica clusterização, o novo conceito de regulação com certificação através do selo Portugal Digital e os 25 serviços identificados como prioritários na Administração Pública são áreas que o secretário de Estado sublinhou em entrevista ao SAPO TEK e que vamos detalhar em artigos separados num dossier que publicamos esta semana dedicado ao Plano de Ação para a Transição Digital.

De A a Z, os principais eixos de atuação e medidas do Plano de Ação para a Transição Digital
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Tudo somado, a aposta nos três pilares, nos catalisadores e num conjunto de 57 iniciativas está a ser colocado como um “grande sentido de pragmatismo”, trabalhando sobre os programas e estratégias que já estavam desenhados no domínio do digital e capitalizando, juntando as peças e envolvendo os vários atores das áreas públicas e privadas na implementação, acompanhamento e monitorização.

Ambição de ser líder digital europeu e mundial

A ambição de ser líder digital na Europa e no Mundo está também subjacente ao plano, e de André de Aragão Azevedo é muito claro em relação a esta visão. “Já fazemos parte dos principais grupos já fazíamos parte do D9, agora do D9+, somos um país altamente inovador no European Scoreboard, mas queremos estar nos 5 primeiros no DESI – Digital Economy and Society Index no fim da legislatura. Estamos em 19º e queremos estar nos 5 primeiros no final da legislatura”, afirma.

Admitindo que isto é muito exigente, o secretário de Estado garante que foi feito o “trabalho de casa”. “Decompusemos todos os KPI do DESI, que são 37, estudámo-los todos, a metodologia que está por trás e a forma como é concebido, identificámos dois níveis de contributos em questões metodológicas com as quais não concordamos porque achamos que não está a servir o objetivo daquela métrica, e a adoção de políticas públicas no nosso plano para subirmos de forma substancial naquelas áreas”, afirma.

Este ano é o primeiro barómetro do impacto e André de Aragão Teixeira defende que tem a convicção que já vai ser possível nos dados de 2020 subir pelo menos 4 lugares no DESI. “Temos de subir quatro lugares senão não chegamos aos cinco primeiros”, afirma.

E o que pode correr mal nestas metas que não permita atingir o objetivo? “Se o COVID-19 ajudou a acelerar não há nada que nos possa parar”, sublinha, afirmando que há vários sinais positivos que sustentam a confiança. “Não só fizemos o trabalho de desenvolvimento do plano em 100 dias como foi possível ser aprovado. Foi a primeira área estratégica do Governo que foi submetida a uma aprovação formal e vertida em resolução de Conselho de Ministros”, lembra o secretário de Estado. “Em menos de seis meses de Governo já estava na rua com tudo o que isso significa em termos de momentos de burocracia”, afirma, lembrando que há um grande consenso, com muito trabalho está tudo a correr conforme planeado.

“Não podemos dizer que é tudo um mar de rosas, mas de acordo com o planeado, e eu acredito mesmo no planeamento, tudo o que foram as etapas que delineamos com esforço estão a ser cumpridas”, defende, garantindo que acredita que “as 12 medidas emblemáticas podem estar, não totalmente porque algumas são plurianuais, na rua numa fase muito adiantada de implementação e maturação até final de 2021”, adiantou ao SAPO TEK.

O secretário de Estado sublinha ainda que a realidade é dinâmica, que o Plano está a evoluir e há medidas que foram identificadas e que vão ser integradas no documento.

Este artigo faz parte de um dossier dedicado ao Plano de Ação para a Transição Digital que o SAPO TEK está a publicar ao longo desta semana.