Os eurodeputados querem que Mark Zuckerberg explique como o Facebook realiza a gestão dos dados pessoais dos seus utilizadores e como prevê cumprir o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) que entra em vigor em toda a UE já a 25 de maio.

“Demos o primeiro passo com o RGPD”, sublinhou a eurodeputada portuguesa, Maria João Rodrigues, para quem é a altura dos europeus recuperarem o controlo dos seus dados digitais.

Para os eurodeputados, o Facebook tem uma enorme responsabilidade e “até agora ignorou as regras mais básicas de proteção de dados”, pelo que a penalização para a utilização de dados sem o respetivo consentimento tem que ser pesada.

Na sequência da sessão plenária em que foram debatidos temas como a proteção de dados, a manipulação das eleições e a privacidade dos cidadãos, o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, exigiu que o líder da rede social explique pessoalmente aos deputados europeus a utilização de dados pessoais dos milhões de utilizadores desta rede social.

“Todos os grupos políticos insistem na necessidade absoluta da sua presença pessoal, como foi o caso no congresso dos EUA", escreveu Tajani em mensagem dirigida a Zuckerberg, a que a agência AFP teve acesso.

A 20 de março e à margem do escândalo Cambridge Analytica, Antonio Tajani já tinha convidado Zuckerberg a marcar presença perante os representantes de 500 milhões de europeus, mas o CEO da rede social propôs que fosse o seu vice-presidente encarregado das relações públicas, Joel Kaplan, a responder às perguntas dos eurodeputados.

Recorde-se que Mark Zuckerberg testemunhou durante 10 horas perante o Congresso norte-americano, depois de ter enfrentado cinco horas de perguntas no Senado e onde esclareceu que a rede social vai aplicar nos EUA e no resto do mundo algumas das novas regras de proteção de dados que entrarão em vigor na Europa em maio, com o RGPD.

O escândalo com a Cambridge Analytica ficou conhecido no passado dia 17 de março,  quando o The Observer e o The New York Times revelaram que a empresa britânica de consultoria política usou os dados de utilizadores do Facebook para criar um programa informático de propaganda destinado a influenciar os resultados de referendos e eleições, nomeadamente a de Donald Trump para as presidenciais dos Estados Unidos.