Os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 tiveram um elevado impacto na liberdade e privacidade dos utilizadores de Internet, conclui o quinto relatório anual sobre privacidade das organizações de defesa dos direitos civis Electronic Privacy Information Center (EPIC) e Privacy International. Divulgado ontem, o relatório de mais de 400 páginas faz a revista do estado da privacidade em mais de cinquenta países, entre os quais se conta Portugal.



Documentando muitas das medidas antiterroristas e de segurança que foram tomadas no último ano, este relatório identifica ainda as tendências de aumento de vigilância das comunicações, do enfraquecimento dos regimes de protecção de dados e o reforço de tentativas de identificação e estabelecimento dos perfis de indivíduos, todas consideradas como sérios atentados a uma política de manutenção de direitos e liberdades civis.



Ao mesmo tempo, o Privacy and Human Rights 2002 nota as melhorias que foram encontradas na protecção da privacidade dos utilizadores nos seus locais de trabalho e o esforço para a aprovação de nova legislação de protecção de dados na Europa, Ásia e América Latina. As duas organizações que elaboraram este estudo anual identificam ainda como positivos os importantes debates que estão a ter lugar sobre o futuro das novas tecnologias para identificação e vigilância de indivíduos e comunicações.



"O 11 de Setembro colocou um enorme desafio aos governos democráticos em todo o mundo", explica Marc Rotenberg, director executivo da EPIC, "muitos adoptaram medidas de alargamento de vigilância sem considerar os efeitos a longo prazo num governo constitucional. Porém, existem indicadores importantes de que os cidadãos não estão preparados para sacrificar a sua liberdade política para responder ao desafio do terrorismo".

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