A tecnologia e a comunicação trouxe uma sobrecarga aos profissionais que aumenta as horas de trabalho, reduz a capacidade de concentração e de desenvolvimento de tarefas criativas. Os dados estão presentes num estudo que a empresa acaba de divulgar, o Work Trend Index 2023, onde se questiona se a Inteligência Artificial pode "arranjar" o trabalho. 

O estudo abrangeu mais de 31 mil pessoas em  31 países e mostra que 64% dos inquiridos afirmam ter dificuldades em ter tempo e energia para desempenhar o seu trabalho, sendo que têm 3,5 vezes mais probabilidades de também terem dificuldades com o pensamento estratégico.

Os dados das aplicações do Microsoft 365 revelam que, o colaborador médio passa 57% do tempo a comunicar (reuniões, emails e chat) e 43% a criar (documentos, folhas de cálculo e apresentações). Os utilizadores mais intensos (top 25%) passam 8,8 horas por semana a enviar emails e 7,5 horas por semana em reuniões – mais de dois dias úteis a gerir a caixa de entrada e a ter reuniões.

Esta é uma divida digital que a Microsoft acredita que está a colocar em risco a inovação. 60% dos líderes afirmam já estar a sentir estes efeitos, afirmando que a falta de ideias inovadoras nas suas equipas é uma preocupação.

"Esta nova geração de IA irá permitir eliminar as tarefas morosas e impulsionar a criatividade", defende Satya Nadella, chairman e CEO da Microsoft, citado no post hoje publicado.

"Existe uma enorme oportunidade para as ferramentas impulsionadas por IA ajudarem a aliviar a dívida digital, a desenvolver novas habilitações e a capacitar os colaboradores”.

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No estudo a Microsoft adianta que a ideia de que a Inteligência Artificial vai roubar empregos é contrariada pelas respostas dos inquiridos. " Os colaboradores estão mais ansiosos para que a IA alivie a carga de trabalho do que receiam a perda de postos de trabalho", refere o documento.

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A preocupação existe e é expressa por 49% dos inquiridos mas 70% dos profissionais referem que delegariam o máximo de trabalho possível à IA para diminuir a carga de trabalho.

"Entre os possíveis cenários de utilização, 3 em cada 4 pessoas afirma que se sentiriam confortáveis em utilizar a IA para tarefas administrativas (76%), trabalho analítico (79%) e criativo (73%)", mostra o estudo, que indica ainda que 86% usariam as ferramentas para ajudar a encontrar as informações e respostas de que necessitam, resumir reuniões e pontos de ação (80%) e planear o dia (77%).

Novas competências necessárias para gerir ferramentas de IA

A Microsoft anunciou hoje novas ferramentas para o seu Microsoft 365 Copilot e Viva, uma área onde a empresa continua a investir desde o anúncio da integração das funcionalidades do GPT-4 da OpenAI em março. A tecnológica vai também alargar o número de clientes onde está a testar as ferramentas, que estava limitado a 20 empresas e agora vai ser aplicado a 600 clientes, e isso poderá ajudar a testar em ambiente real as funcionalidades.

No estudo sobre o impacto da IA a Microsoft destaca também o facto de que trabalhar com Inteligência Artificial, utilizando linguagem natural, será tão normal como aceder à internet e usar o PC. Mas serão necessárias novas competências. 

"À medida que a IA transforma o trabalho, a colaboração entre humanos e IA será o próximo padrão de trabalho transformacional - e a capacidade de trabalhar iterativamente com a IA será uma habilidade essencial", refere o documento, com 82% dos líderes inquiridos a defenderem essa ideia.