A pior crise de sempre do mercado de Tecnologias de Informação (TI) em Portugal parece estar ultrapassada e poderá tornar-se uma má recordação do passado. Segundo os números hoje partilhados pela IDC, em 2014 o mercado cresceu e em 2015 a tendência deverá manter-se com um crescimento de 0,9% que levará o valor total para os 3,46 mil milhões de euros.

Os números estão abaixo da média mundial e mesmo da Europa, onde os valores de crescimento registados são de 3,5 e 1,9%, respetivamente, mas não deixam por isso de ser boas notícias para as empresas de tecnologias de informação, telecomunicações e eletrónica de consumo que nos últimos anos foram fustigadas com a crise que levou a muitas falências e fusões forçadas.

De acordo com as previsões partilhadas no documento "Portugal no Ponto de Viragem da Transformação Digital", a IDC admite que em função do novo contexto económico e do rápido desenvolvimento da terceira plataforma de TIC, o mercado português mantenha taxas de crescimento acima de 1,5% até 2018, chegando mesmo aos 2,2% nesse ano.

Mobilidade, Serviços Cloud, Tecnologias Sociais e Big Data são os quatro pilares que suportam o que a IDC designa como terceira plataforma tecnológica e serão os principais responsáveis pelo crescimento face ao potencial de optimização das organizações e melhoria da sua competitividade.

Estas tecnologias representam já 25% do mercado total de TIC e a nível mundial a estimativa é que cresçam 13% em 2015.

Até 2020 a IDC adianta ainda que a terceira plataforma irá entrar numa nova fase, com a explosão de soluções inovadoras e suportada numa grande criação de valor nas áreas de mobilidade, cloud, big data e tecnologias sociais.

Esta fase é caracterizada por “aceleradores de inovação” que estendem radicalmente as capacidades e aplicações das tecnologias atuais e entre estes contam-se a Internet das Coisas (IoT), Wearable Computing, Drones, Robótica, Impressão 3D, Sistemas Cognitivos, Biologia Sintética, Interfaces Naturais de Computação, entre outros.

A IDC partilhou também 10 previsões para Portugal em 2015 que detalhamos abaixo:

Previsões para Portugal em 2015

  • 1. Mercado Nacional de TI entra num novo ciclo

    Após cinco anos de crescimento negativo, o mercado nacional de Tecnologias de Informação (TI) entrou num novo ciclo e deverá registar um crescimento de 0,9% e atinja os 3,46 mil milhões de euros em 2015. E, este crescimento é extensível a quase todos os segmentos de mercado. No entanto, e apesar desta alteração, o mercado de serviços de telecomunicações deverá manter-se em território negativo (-2.8%).
  • 2. Cloud Computing continua a crescer a dois dígitos em Portugal

    Após uma primeira fase de adoção de serviços de cloud computing, caracterizada pela implementação de projetos ad hoc, as organizações nacionais começam a equacionar a implementação sistemática destes serviços para suporte às suas iniciativas de internacionalização e de captura e fidelização de clientes. Deste modo, a procura de serviços de cloud computing vai continuar a crescer no território nacional.
  • 3. Mobilidade, o motor da inovação nas organizações nacionais

    As tecnologias e soluções móveis vão representar mais de 40% do crescimento mundial do mercado de TI. O novo perfil dos consumidores, mais digitais e móveis, e as alterações no ambiente de trabalho, nomeadamente com o crescimento do número de colaboradores móveis (em Portugal são mais de 2,8 milhões, equivalente a 64% da população ativa), vieram criar uma pressão adicional para que as organizações procedam à mobilização dos seus processos de negócio. No território nacional esta tendência começa a ser uma realidade e a despesa com estas tecnologias vai registar um crescimento superior ao da despesa TI, assim como vai reforçar o peso na despesa global de TI.
  • 4. Big Data & Analítica de negócio continua na agenda dos gestores nacionais

    O Universo Digital no território nacional tem vindo a crescer a um ritmo superior ao da economia nacional. Nos últimos anos, foram implementados sistemas de armazenamento nas organizações nacionais com capacidade de mais de 360 Pb com o objetivo de capturar uma fatia significativa desta nova realidade. Face ao crescimento exponencial dos dados no território nacional e à crescente diversidade dos dados armazenados, a maioria das organizações nacionais tem vindo a equacionar a adoção de tecnologias BDA com o objetivo de melhorar o desempenho do negócio e, em simultâneo, melhorar o conhecimento dos clientes e antecipar as suas necessidades.
  • 5. Segurança vai regressar à agenda dos decisores nacionais apenas em finais de 2015

    A generalidade das organizações nacionais já enfrentaram incidentes de segurança nos últimos anos, alguns deles com alguma gravidade. No entanto, e apesar deste cenário, a segurança da informação não é uma prioridade das organizações nacionais. A inversão do ciclo económico vai alterar esta realidade e a despesa com segurança vai crescer em 2015. E, as organizações nacionais começam a adotar um novo paradigma de segurança - estar mais preocupadas com a segurança dos dados, em detrimento da segurança dos equipamentos.
  • 6. Empresas nacionais preparam centros de dados para a 3ª Plataforma

    As empresas nacionais aproveitaram o ciclo recessivo da economia nacional para adotarem estratégias de consolidação e de virtualização da infraestrutura tecnológica, assim como iniciativas de otimização e de normalização dos processos do departamento de TI. Concluídas, ou em fase de conclusão, estas iniciativas, as organizações nacionais vão aproveitar a mudança de ciclo económico para adaptarem os seus centros de dados à nova realidade tecnológica, iniciar processos de adoção das tecnologias da 3ª Plataforma e implementar o conceito de IT-as-a-Service.
  • 7. IoT vai acelerar a transformação digital nas organizações nacionais

    Em 2020, a IDC estima que existam mais de 68,1 milhões de equipamentos (incluindo PCs, smartphones, relógios e acessórios inteligentes, consolas, carros, eletrodomésticos, equipamento eletrónico, entre outros) ligados à Internet no território nacional (cerca de 6,4 equipamentos por pessoa). A adoção de estratégias que contemplem a Internet of Things (IoT) vai permitir que as organizações nacionais acelerem a transformação digital dos seus processos e iniciativas. Áreas como o ambiente, as redes energéticas, as cidades inteligentes, a
    gestão de ativos, saúde e bem-estar poderão beneficiar da adoção de estratégias que incluam esta nova realidade.
  • 8. Internacionalização continua na agenda das empresas portuguesas

    Confrontadas com o ciclo recessivo da economia nacional, as empresas nacionais adotaram estratégias de internacionalização das suas atividades como forma de ultrapassarem as dificuldades sentidas no território nacional. Ultrapassado o ambiente recessivo, a maioria das empresas continua a privilegiar a adoção e/ou consolidação das suas estratégias de internacionalização. Esta realidade tem vindo a influenciar positivamente o comportamento da despesa TI e permanece como um dos principais fatores de crescimento em 2015.
  • 9. Relacionamento com clientes é motor dos novos projetos de TI em Portugal

    A maioria das organizações nacionais tem planos para reforçar a sua quota nos mercados em que atuam. Para tal, apostam no desenvolvimento e novos produtos e serviços e no desenvolvimento de iniciativas de captação e de fidelização de clientes. Neste contexto, não será de estranhar que a implementação, atualização ou expansão das aplicações de CRM sejam projetos mais referenciados pelas organizações nacionais para 2015. E, muitos deles com recurso a serviços de cloud computing, analítica de negócio, mobilidade e redes sociais.
  • 10. Transformação digital começa a entrar na agenda das organizações nacionais

    A IDC prevê que em 2020, a nível mundial, todos os setores económicos, desde a indústria, passando pelo retalho, banca, seguros, energia, turismo e saúde, serão liderados por empresas com uma forte presença na economia digital. Em Portugal a IDC prevê que o tema da “Transformação Digital” começa apenas em 2015 a entrar de forma mais significativa na agenda dos decisores das principais organizações em Portugal, desde o CIO até ao CEO.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico