A importância das redes de telecomunicações como base para uma mobilidade sustentável e inteligente esteve no centro da intervenção de Alexandre Fonseca, CEO da Altice Portugal, no Mobi Summit, que está a decorrer em Cascais.
O gestor reforçou a ideia de que as redes que fazem de Portugal um dos países com melhor infraestrutura na Europa foram construídas com investimento privado, referindo a rede de fibra ótica mas também as redes móveis, e apontando os investimentos dos três operadores móveis.
Alexandre Fonseca não poupou críticas àquela que afirma ser uma "falta de estratégia para um Portugal mais digital", defendendo que "não basta retórica, dizer que temos ideias, temos de passar da retórica à prática, das palavras aos projetos, aos investimentos, a colocar o dinheiro nos projetos".
Dizendo que se tem falado muito nos projetos e pouco nos investimentos que são feitos, o executivo lamentou a falta de investimentos do PRR nesta área, a ideia de que o encaixe financeiro com as licenças de 5G poderiam ser usadas para construir mais auto estradas e o papel da regulação, que é impedimento de maior previsibilidade e estabilidade.
"Além da falta de estratégia, este é um setor que tem estado sob ataque feroz e injusto, pelo regulador", afirma, referindo que o regulador não conhece o sector, incompetente, destrói valor, cria leis ilegais e condições assimétricas para a entrada de novos operadores.
Alexandre Fonseca sublinha ainda que o regulador era aparentemente impune, pelo menos até há algumas horas atrás, referindo-se às declarações de ontem do Primeiro Ministro António Costa, que ontem no Parlamento atribuiu responsabilidades à Anacom pelo atraso no leilão do 5G e disse que este era o "pior modelo de leilão possível".
"Vivemos um momento de verdadeiro desnorte na regulação", afirmou ainda Alexandre Fonseca, que preferiu abster-se de falar do 5G, que diz já ter sido muito falado nos últimos dias, mas apontando outros exemplos, como a Tarifa Social de Internet, com a qual concorda mas não da forma como foi criada em termos políticos e integralmente paga pelos operadores.
O CEO da Altice Portugal referiu ainda a duplicação da taxa dos audiovisuais e que beneficia os operadores de streaming que não têm investimento em conteúdos portugueses e "passam ao lado destas taxas que são criadas".
Ainda sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Alexandre Fonseca critica o facto de aparentemente este ser um investimento que não serve para o sector, para levar a universalidade das comunicações ao país, para apoiar o investimento nas redes de comunicação. E apontou o exemplo de Espanha que incluiu no seu plano a cobertura das zonas brancas, sem cobertura.
Apesar das críticas, o CEP da Altice Portugal traçou um cenário de futuro onde a visão da empresa para a Transformação digital se materializa na ambição de ligar as pessoas à democracia, com capilaridade das redes de comunicações, apoio ao empreendedorismo e aos desenvolvimento de competências para mais produtividade e desenvolvimento económico.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação. Última atualização 17h53
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