“Há 33 anos, tudo era diferente” explica Fernando Amaral relativamente ao mercado português de software. Os processos de desenvolvimento dos produtos, as pessoas que trabalhavam nestas empresas, o nível de exigência e de perícia e até o próprio país.

Na altura, as empresas tinham que se adaptar às soluções que tinham à sua disposição. “Hoje”, refere o responsável, “são as soluções, como as que apresentamos, que se adaptam à realidade e necessidades específicas de cada cliente”.

Apesar da Sendys e da Alidata, ambas empresas produtoras de software made in Portugal, terem sido criadas em 1984, aquilo que é hoje o Sendys Group – formalmente criado no final do ano passado – só começou a ser formado em 2009, depois de Fernando Amaral ter liderado a alienação do negócio dos programas de gestão da Sendys, que na altura pertencia à multinacional Capgemini.

Com a recém-adquirida independência, a Sendys tomou como prioridade a ampliação do portfólio de clientes em Portugal e a internacionalização do negócio para os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

Três anos volvidos, dá-se a aquisição da Alidata, uma softwarehouse com sede em Leiria, e cujas tecnologias a Sendys considerava que seriam “uma oferta complementar” às suas, “em termos de sectores de atividade”, sublinha Fernando Amaral.

Desde então, o conglomerado tecnológico tem vindo a avolumar o rol de empresas subsidiárias, com aquisições e participações que aumentaram a sua presença nos PALOP (Seal Angola, Seal Moz e a Sort).

Olhando para o mercado doméstico, Fernando Amaral está convicto de que “Portugal já é uma potência do software a nível mundial”, avançando como casos exemplificativos do sucesso desta área os modelos de e-governance e de e-banking e o sistema da Via Verde.

Contudo, o chairman do Sendys Group lamenta o facto de as empresas portuguesas terem “um problema de dimensão” e de não pensarem nos seus negócios como produtos exportáveis e que podem atuar no mercado global. Mas considera que esta “é uma realidade que começa a ser alterada”.

Num comunicado enviado à imprensa no âmbito do aniversário das suas duas empresas mais antigas, o Sendys Group avançava que os planos para 2017 passavam pela expansão dos negócios na América do Sul.

Já se sabia que as empresas tinham presença no Brasil, mas Fernando Amaral revela agora ao TeK que o objetivo é chegar até ao Chile, à Argentina e à Colômbia.

O responsável justifica esta ambição afirmando que estes são os três países latinos “com taxas de crescimento mais atrativas, com melhor performance económica e, simultaneamente, os mais recetivos ao investimento estrangeiro”.

Além disso, este alargamento da área de atuação na região vai permitir atenuar os efeitos sentidos pelo abrandamento do crescimento dos mercados PALOP, o que, segundo o executivo, “acaba por ser também um interessante resultado colateral”.