A aposta da Appian na Inteligência Artificial já tem mais de uma década anos mas com a evolução da IA generativa está a acelerar, como defendeu hoje Matt Calkins, fundador e CEO da empresa, na abertura do Appian World, que decorre em Washington, nos EUA. A plataforma de automatização de processos tem vindo a ser optimizada para suportar processos mais complexos e melhorar os workflows as empresas, unificar dados e optimizar as operações, tirando partido da tecnologia de AI e do conhecimento de negócio.
"Muito do que fazemos na Appian é ideal em colaboração com a Inteligência Artificial. O processo é o local perfeito para começar com a IA e acelerar, porque o processo dá um objetivo e uma estrutura", sublinha Matt Calkins, destacando que "A IA não é uma tecnologia standalone. Desenvolve-se se estiver acompanhada por dados e processos. E é mais inteligente quando lhe damos dados de qualidade e relevância". Mas admite que a tecnologia ainda não está pronta para ser autónoma e é preciso "manter as mãos no volante" e trabalhar com uma "autonomia mista".
A integração é um elemento que o fundador da empresa de software acredita que faz a diferença entre as propostas da Appian e de outras empresas, em especial pela forma como a companhia olha para os dados, com uma camada integrada, a Data fabric, onde tem acesso à informação de ERP, EAM, CRM, PLM, DB e HCM, de uma forma descentralizada. "Temos esta enorme vantagem de juntar dados, processos e IA. Todos podem trazer inteligência artificial para as plataformas a um certo nível, mas sem alguns elementos chave não tem as mesmas vantagens e o que obtém com a IA é genérico, pode ser similar ao de outras empresas, sem vantagem competitiva", destaca.
"Sabemos que não somos a maior empresa neste espaço [de IA]. Não podemos ser maiores do que a Microsoft ou a Salesforce ou a Service Now, mas temos algumas vantagens e as pessoas esperam que estejamos mais à frente na tecnologia e inovação, que sejamos seguros e fiáveis, orientados às equipas", defende.
"Os nossos clientes estão a contar conosco para tornar a IA útil, para a tornarmos uma ferramenta para que possa ser produtiva no seu ambiente de negócio", afirma Matt Calkins.
Para o executivo, o futuro passa pelo modelo de Request Augmented Generation (RAG), que se está a tornar mais popular. "Não tem de treinar o algoritmo com os seus dados, sempre que coloca uma questão à IA são enviados os dados necessários e isso gera uma resposta mais concreta e com valor para a empresa". Ao mesmo tempo adiciona uma camada de segurança e privacidade para os dados, porque o modelo não é treinado com a informação crítica da empresa e os utilizadores só têm acesso à informação para a qual têm autorização no seu nível de acesso.
A implementação da plataforma Appian, com a integração do Process HQ, junta o data mining e a inteligência de dados com a Data fabric e esta combinação gera valor aplicável, tirando partido do Appian AI copilot e do gerador de prompts de IA. Na nova release, que vai ser disponibilizada no próximo mês a Appian integra 11 novas capacidades de IA que usam design low code para explorar os grandes modelos de linguagem (LLM) em áreas de geração de texto, extração de emails e sumários de documentos, entre outras, e que resultam de uma parceria com a AWS.
Ao SAPO TEK, Matt Calkins admitiu que tem grande expectativa de valor gerado com a tecnologia e o modelo de RAG, e a capacidade de segurança e privacidade que consegue adicionar. Mas quer dar passos cautelosos. "Podemos fazer coisas arriscadas mas queremos avançar com passos seguros[...] A IA é ainda uma black box", explicou numa entrevista conjunta com jornalistas do sul da Europa, lembrando que a confiança é um dos elementos chave na parceria que a empresa tem com os seus clientes.
Para já a Appian apoia todos os desenvolvimentos regulatórios relacionados com a Inteligência Artificial e o CEO da empresa diz que o AI Act na Europa segue no bom caminho. "Não sabemos como vai evoluir, mas se ormos cautelosos estamos no bom caminho", admitiu, dizendo que tudo indica que o modelo passará sempre por uma validação humana das decisões.
Entre os anúncios da Appian na sua conferência anual está um novo site, o ProcureSight, que foi pensado para a área de procurement e que é de acesso gratuito, podendo suportar mais de 190 mil processos de aquisição e que já foi testado pela NASA. "Isto é a magia do processo do data fabric, data sets aprofundados e IA", sublinha, convidando todas as pessoas a experimentarem, mesmo que não estejam na área de compras.
Veja um vídeo sobre o data fabric
A Appian anunciou ainda um acordo de parceira com a AWS, para integração das soluções e que pode dar acesso mais fácil a processos de negócio, com a combinação das capacidades nativas de IA da Appian com os LLM da Amazon Bedrock e SageMaker. A AWS já é um parceiro de longa data e a Appian az mais de 16 mil milhões de transações diárias com a AWS, mas agora esta colaboração está focada na Inteligência Artificial.
Para que os clientes possam experimentar a Inteligência Artificial integrada na plataforma da Appian, a empresa preparou também novos modelos de implementação com garantia de um mês e há ainda um starter kit, com modelo de preços simplificado, para novos clientes. "Assim podemos ultrapassar a conversa de preço e chegar mais rapidamente à conversa sobre o valor", afirma Matt Calkins.
Um percurso de 25 anos a desenvolver processos
Este ano a Appian celebra o 25º aniversário e o CEO e cofundador partilhou o orgulho na forma como a empresa cresceu e se desenvolveu, mantendo os valores chave e os princípios que tinha definido há meio século. E os quatro fundadores ainda se mantêm juntos na empresa. "Não conheço nenhuma empresa de software onde isso aconteça [...] só é possível com muito respeito e colaboração", afirma Matt Calkins.
Foi para assinalar os 25 anos de vida da empresa que a Appian decidiu fazer o Appian World em Washington, perto da sede, onde junta durante dois dias, 16 e 17 de abril, mais de 2 mil pessoas, entre parceiros e clientes.
A Appian começou como uma startup na cave da casa de Matt Calkins e em 2017 conseguiu o IPO mais bem sucedido do mercado de software, atraindo mais de 10 milhões de dólares. O nome foi escolhido com a inspiração da Via Appian, a visão do censor romano Appius Claudius Caecus que definiu os princípios da república em 312 A.C.
A empresa tem vindo a crescer em número de clientes e parceiros, mas também de mercados onde trabalha, preparando-se agora para apostar em Portugal.
Numa entrevista com jornalistas do sul da Europa, Matt Calkins diz que um dos principais desafios foi escolher, logo no início, um mercado onde apostar. "Queríamos ter a certeza de que seria um mercado onde poderíamos levar longe os futuros investimentos e onde as novas tecnologias podiam fazer a diferença", explica, adiantando que os fundadores quiseram evitar um mercado onde o produto se tornasse padronizado, sem diferenciação.
"Até agora parece que conseguimos escolher uma área onde fazemos a diferença. É um mercado que será importante nas próximas duas a três décadas", sublinha.
Ainda assim admite que não é fácil para uma pequena empresa manter-se na liderança. "Mantemos a nossa posição contra algumas das maiores companhias do mundo e não é fácil, precisamos de foco e temos conseguido através da intuição e do conhecimento do mercado e da sua evolução [...] temos de usar os nosso recursos de forma cautelosa e ser ágeis, investindo só nas áreas que podem trazer valor", destaca.
Para o futuro a empresa conta com a confiança dos parceiros, que ajudam a entregar os seus produtos, e os clientes. "Temos uma taxa de renovação dos nossos clientes de 98 a 99% [...] é uma taxa de renovação muito elevada e queremos manter essa confiança e a nossa reputação".
"Vamos continua a investir no futuro dos processos e na automação de processos, no contexto do que pode ser feito com a IA, e a inteligência artificial generativa vai acelerara as nossas capacidades", defende o CEO, que admite que a empresa tem que crescer para suportar o seu modelo de negócio.
Matt Calkins acredita que o crescimento é essencial para a Appian manter um perfil de topo e conseguir uma base de utilizadores mais diferenciada. "Começámos muito pequenos há 25 anos, apenas com 4 empregados, e fizemos um grande caminho. Até apenas há 9 anos foi sempre sem recurso a financiamento externo, e o crescimento oi sempre um imperativo e temos de continuar a crescer", justifica.
E é possível continuar como empresa independente? "Sem dúvida. Há espaço neste mercado para um concorrente ao melhor nível e somos nós [...] entrámos neste mercado e conseguimos manter a nossa posição num negócio onde não somos os maiores mas somos os melhores".
Nota da redação: A jornalista deslocou-se à Appian World a convite da empresa. Foi adicionada mais informação e um vídeo. Última atualização 17/04 19h55.
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