Os CEOs portugueses mostram-se confiantes relativamente à evolução da economia mundial e nacional. No entanto, a maioria dos gestores é cautelosa nas previsões de crescimento das receitas dos seus negócios, apontando para aumentos abaixo dos 2% nos próximos anos.
Estas são algumas das conclusões da edição portuguesa do Global CEO Outlook da KPMG, que compara as perspetivas e expectativas dos gestores portugueses com os resultados do survey global, e que envolveu cerca de 1.300 responsáveis em empresas de algumas das principais economias mundiais.
O estudo indica que os CEOs portugueses (92% dos inquiridos) estão mais otimistas em relação ao crescimento da economia global do que os seus congéneres mundiais (78%). No entanto, este nível de otimismo é menor face às perspetivas de crescimento do país, relativamente às quais o nível de confiança é menor, ainda que claramente positivo (60%).
Mas a confiança dos CEOs no ambiente macroeconómico não se traduz em metas de crescimento ambiciosas para as suas empresas. A maioria dos líderes globais (55%) espera um crescimento conservador (menos de 2%), uma percentagem que em Portugal ascende aos 64%. O otimismo dos CEOs é atenuado por incertezas face a ameaças como o terrorismo, alterações climáticas e ambientais, riscos da cibersegurança ou o risco da tecnologia emergente/disruptiva.
Cerca de um terço dos CEOs em Portugal (28% vs 38% a nível global) consideram necessário reposicionar os seus negócios, para responder às necessidades das novas gerações. Questionados sobre como responder às expectativas dos millennials, cerca de metade revela que a sua organização tem-se esforçado para compreender em que medida as necessidades desta geração diferem das gerações anteriores (44% a nível nacional e 45% a nível global).
A maioria indica estar preparada para liderar uma transformação organizacional radical (71% a nível global e 64% em Portugal). No entanto, entre os CEOs portugueses, um terço tem dúvidas quanto à capacidade da sua equipa de gestão coordenar a transformação digital exigida.
Poucos CEOs portugueses estão preparados para enfrentar um ciberataque
Em matéria de segurança, os resultados mostram que para 49% dos inquiridos a nível global, ser vítima de um ciberataque é hoje uma inevitabilidade: uma questão de “se”, e não de “quando”. Os gestores portugueses estão mais otimistas e apenas 28% concorda com esta visão. Os CEOs de todo o mundo preocupam-se com a robustez das suas defesas, mas 51% acreditam estar bem preparados para um ciberataque.
Em Portugal, os números são menos positivos: apenas 32% dos líderes se consideram preparados para um ataque com estas características.
Apesar da relevância desta área específica, mais de metade dos CEOs a nível global (51%) consideram que o seu Conselho de Administração tem uma expectativa irracional do retorno do investimento em transformação digital. Portugal está em linha com esta visão global.
Os resultados do estudo revelam ainda que, para se tornarem mais ágeis e acelerarem no caminho da inovação digital, as organizações estão a construir redes (ou “ecossistemas”) de inovação: 68% dos líderes inquiridos em Portugal pretendem criar programas de aceleração ou incubadoras para startups. Um valor acima da média global, de 53%.
A Inteligência Artificial (IA) é outro dos temas na ordem do dia, quando se fala de inovação. Para a maioria dos CEOs, os avanços ao nível da IA terão implicações positivas ao nível do emprego: 62% acreditam que a IA criará mais empregos do que os que destruirá. Em Portugal, esta visão otimista é ainda mais acentuada (84%).
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