"A Comissão deu instruções a todos os gabinetes e serviços no sentido de suspenderem imediatamente quaisquer reuniões planeadas com a Huawei até nova ordem, permitindo assim que a investigação criminal belga siga o seu curso", disse o porta-voz do executivo comunitário para a área da Transparência, Olof Gill.

Na conferência diária da instituição, em Bruxelas, o porta-voz apontou que "é essa investigação que contará".

Já questionado sobre as atuais normas de transparência nas instituições da UE, Olof Gill adiantou: "Esta é uma questão que está constantemente a ser analisada, incluindo no trabalho que realizamos a nível interinstitucional com o Conselho e o Parlamento, e, neste momento, não temos nada a dizer sobre alterações às regras existentes".

Na sexta-feira, o Parlamento Europeu decidiu, como medida de precaução, proibir o acesso à instituição europeia de representantes ligados à fabricante chinesa Huawei pela alegada corrupção envolvendo profissionais do lóbi e que terá ramificações em Portugal.

Nesse dia, o Governo chinês pediu que não se politize questões comerciais nem se recorra a "medidas infundadas" para reprimir empresas chinesas além-fronteiras, aludindo à recente investigação sobre a alegada corrupção ligada à Huawei no Parlamento Europeu.

Parlamento Europeu suspende acesso de representantes da Huawei como medida de precaução
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Isto depois de na quinta-feira, as autoridades belgas terem realizado uma vintena de buscas no âmbito de uma investigação de corrupção no Parlamento Europeu, envolvendo lobistas da chinesa Huawei, e que terá ramificações em Portugal, noticiou o jornal belga Le Soir.

Contactada pela Lusa, a Polícia Judiciária confirmou estar a colaborar com as autoridades belgas, mas não acrescentou pormenores.

De acordo com o Le Soir, a investigação visa as práticas em Bruxelas, desde 2021, de lobistas ligados ao grupo de telecomunicações chinês Huawei.

A investigação suspeita que tenha havido transferências feitas "para um ou mais deputados europeus através de uma empresa portuguesa", também já alvo de buscas, adiantou o jornal, sem pormenorizar.

Fonte do Parlamento Europeu disse à Lusa que este tem, sempre que solicitado, colaborado totalmente com as autoridades.

Nenhum eurodeputado foi ainda identificado nesta operação, referiu o Le Soir e os parceiros da investigação jornalística - o semanário Knack, a plataforma de investigação neerlandesa Follow The Money e os jornalistas de investigação gregos Reporters United.

A alegada corrupção neste caso envolveu presentes de valor (incluindo smartphones Huawei), bilhetes para jogos de futebol (a Huawei tem um camarote privado no Lotto Park, o estádio do RSC Anderlecht) ou transferências de alguns milhares de euros.

De acordo com o código de conduta dos eurodeputados, qualquer objeto oferecido por um terceiro de valor superior a 150 euros deve ser declarado e inscrito publicamente no registo de ofertas.