Os empregadores estão a adotar ferramentas de Inteligência Artificial (IA) nas suas estratégias, enquanto ajudam as suas equipas a implementar estas tecnologias de forma responsável. As conclusões são do estudo o Global Insights Whitepaper - Construir uma Estratégia Centrada nas Pessoas para a Produtividade Impulsionada por IA, da Experis, uma empresa de investigação do grupo de RH Manpower.
Cerca de 41% das empresas nacionais (48% globalmente) afirmam já usar atualmente Inteligência Artificial, sendo que em Portugal são as grandes empresas até 1.000 trabalhadores as que mais recorrem a estas ferramentas.
Em Portugal, a adoção é mais elevada nas médias e grandes empresas, com taxas superiores aos 44%. Já as microempresas são aquelas que se demonstram mais cautelosas, com apenas 33% a afirmar já utilizar a IA. Globalmente, as grandes empresas (entre 1.000 e 5.000 colaboradores) são as que mais recorrem à IA, com mais de metade (54%) a afirmar já estar a usá-la atualmente. Nas empresas de menos de 50 trabalhadores (micro e pequenas empresas), esta adoção é 10 pontos percentuais inferior.
Dentro de três anos, “prevê-se que cerca de 80% das empresas já utilizem IA nas suas operações, o que lhes permitirá superar desafios empresariais com mais eficácia”, diz Nuno Ferro, Brand Leader da Experis. Por seu lado, “os profissionais ainda apresentam algumas reservas, mas a maioria do talento já percebe que esta inovação pode influenciar positivamente o seu trabalho”, acrescenta.
Os empregadores planeiam acelerar a implementação de tecnologias de IA nos próximos anos. Dos que não são ainda utilizadores, 33% globalmente e 38% em Portugal afirmam que a sua organização planeia recorrer a ferramentas de IA nos próximos três anos. Na prática, significa que o uso médio global de IA aumentará para 81% dos empregadores em todo o mundo, até 2027.
A Experis recomenda que as empresas, mas também os colaboradores, “desenvolvam estratégias eficazes de capacitação, da gestão da mudança e também de uma implementação ética e responsável”. Até porque, a maioria dos departamentos de Recursos Humanos, nacionais e globais (72%) está otimista relativamente aos impactos positivos da IA e do Aprendizagem Automática (ML) nas suas empresas até 2026.
Além do desempenho geral da empresa, é na formação dos trabalhadores que este impacto se revela mais positivo, com 74% das empresas a reforçar esta prioridade. Os recursos humanos destacam benefícios ao nível do upskilling e reskilling (68%), dos processos de recrutamento (66%) e do compromisso e onboarding, (64%), entre outros.
A autora do estudo recorda que, segundo a Microsoft, o mercado global de inteligência artificial já ultrapassou os 241 mil milhões de dólares em 2023, projetando-se que atinja os 738 mil milhões de dólares até 2030. No que diz respeito à IA generativa, o mercado aumentou 90% relativamente ao ano anterior e 692% em relação a 2020.
O estudo da Experis analisou as respostas de mais de 40 mil empregadores em 42 países para compreender de forma mais clara a adoção atual e futura de IA em diversos setores.
Os colaboradores consultados revelam que 65% da força de trabalho, de todos os níveis hierárquicos, acreditam que a IA terá um impacto positivo no futuro do trabalho. Em Portugal, as lideranças seniores e intermédias são as mais otimistas (70%), seguidas dos profissionais administrativos (68%). Profissionais de fábrica ou de atendimento são os mais cautelosos, com apenas 53% a manifestar o mesmo otimismo.
Em matéria de desafios, a privacidade e a regulamentação apresenta-se como o principal obstáculo à adoção da IA por parte dos empregadores (35%). Também os custos de investimento (30%) e a resistência dos profissionais à mudança (30%) são apontados como desafios pelos empregadores. O cenário é similar ao observado a nível global, em que os custos são a principal preocupação de um terço dos empregadores, seguido das preocupações com a privacidade e regulamentação.
Segundo a Experis, e ao contrário da “perceção comum de que a implementação de tecnologias baseadas em IA resultará em menos empregos”, em Portugal, 48% dos empregadores acredita que a IA levará a um crescimento das suas equipas. Apenas 25% antecipam uma redução e 23% que não antecipam nenhum impacto.
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