Que estratégia deve Portugal adotar para aumentar os níveis de literacia em IA? Como abordar questões éticas nos processos de regulamentação da IA? Quais são as melhores práticas em matéria de regulamentação e ética da IA fora da União Europeia? E que mecanismos devem ser adotados para garantir a aplicação efetiva do IA Act? Estas são algumas das questões a que o Brigde AI quer responder, e para isso está a desenvolver um trabalho de análise que deverá produzir conclusões e recomendações, a apresentar em outubro de 2024.

O Brigde AI conta com a coordenação da INESC-ID, a Fundação Champalimaud e a Unbabel e a participação de alguns dos especialistas internacionais em IA como Allaine Cerwonka, Virginia Dignum ou John Krakauer, mas também com mais de uma dúzia e meia de entidades nacionais que se juntaram à iniciativa.

O objetivo declarado é "capacitar a sociedade portuguesa e os decisores públicos para a literacia em IA com o objetivo último de permitir uma aplicação eficaz do AI Act e orientada para a inovação".

Helena Moniz, investigadora do INESC-ID e coordenadora do projeto, sublinha que “a IA já tem grande impacto na vida de todos nós e em vários setores. É, por isso, importante garantir a melhor compreensão e aplicação do AI Act que é uma legislação verdadeiramente revolucionária. Perante o ruído que existe sobre este tema extremamente complexo, o Bridge AI nasceu para aumentar a literacia e disponibilizar à sociedade, aos decisores e líderes empresariais portugueses informação contextualizada e holística, servindo como ferramenta de apoio para que tomem decisões informadas e baseadas na evidência científica”.

Em comunicado, os promotores do projeto indicam que o Bridge AI baseia-se em duas metodologias, sendo uma primeira inspirada nos
processos de decisão da União Europeia, através da constituição de grupos de trabalho focados em tópicos concretos e com objetivos e resultados a atingir, e uma segunda que pretende transpor de forma explícita e simples o conhecimento adquirido para a sociedade civil.

Foram criados cinco grupos de trabalho, que nos próximos meses vão analisar várias dimensões da aplicação do AI Act partindo da análise de casos oriundos do Center for Responsible AI.

"Os casos de estudo analisados no âmbito do projeto Bridge AI são excelentes exemplos do potencial da IA para a melhoria do bem-estar da sociedade. No entanto, tendo em consideração os desafios éticos e legais que estes casos colocam, em particular na área da saúde, é necessária uma reflexão multidisciplinar para garantir que os benefícios são superiores aos riscos. Este foi justamente um dos motores para o Bridge AI nascer”, refere Helena Moniz.

O projeto conta com financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e da Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros