Elon Musk diz que está a trabalhar de manhã à noite, sete dias por semana, desde que concretizou a compra do Twitter, reconhecendo que o seu volume de trabalho aumentou significativamente. As declarações constam de uma entrevista que o multimilionário deu à margem da cimeira do G20 na Indonésia, onde admite: "estou a trabalhar o máximo que posso - de manhã à noite, sete dias por semana".
Na mesma conversa, onde também se falou na acumulação do novo cargo de CEO do Twitter com a posição de CEO da Tesla, Musk assumiu a dificuldade em conjugar papéis e reconheceu que a gestão global da marca de carros elétricos é assegurada com “grande dificuldade”, como relata a Business Insider. Também disse saber que o nível de trabalho que impõe a si próprio não é normal. Na frase original, em inglês, a expressão foi esta: “The amount that I torture myself is next level, frankly", algo como, o nível de tortura que imponho a mim próprio, honestamente, não é normal.
Esta não foi a primeira vez que Musk reconheceu ser viciado em trabalho, assumindo que o seu ritmo de trabalho “é algo que não recomendo”. Já em 2015, como recupera também a Insider, o homem mais rico do mundo tinha reconhecido numa entrevista ao The Wall Street Journal que é obcecado com detalhes e com questões de microgestão, que vão ao nível de questões de produto. “Sou obsessivo-compulsivo com os produtos”, reconhecia. Quando olho para um carro, um foguetão ou uma nave espacial só vejo o que está mal, nunca vejo que está bem. Não é um caminho para a felicidade”.
Desde que tomou as rédeas do Twitter no final de outubro, Musk não parou de tomar decisões e alimentar polémicas - algumas de forma intencional, outras nem tanto. Um dia depois de se confirmar a compra da rede social, os principais membros da administração do Twitter receberam ordem de saída.
Os despedimentos continuaram e estenderam-se a 3.700 colaboradores da empresa, o equivalente a metade da força de trabalho, alguns terão entretanto sido chamados a voltar. Musk deu também ordens para acabar com o trabalho remoto e fixou um prazo para a conclusão dos desenvolvimentos em torno do novo sistema de verificação de contas do Twitter e da versão paga da rede social que o vai integrar.
A visão do multimilionário para esta vertente de negócio do Twitter, no entanto, não é pacífica. Terá sido mote para a saída de alguns executivos, perda de anunciantes e utilizadores de referência, como algumas celebridades.
Tudo isto, sem que o nível de polémica em torno da visão do novo dono do Twitter para a plataforma baixe de tom. No final da semana passada chegou à imprensa informação sobre a possibilidade de o Twitter entrar em bancarrota nos próximos meses, uma possibilidade admitida pelo próprio Musk, durante a primeira reunião de direção da plataforma.
Aumentar as receitas de subscrições é a única forma de isso não acontecer, terá defendido Musk, numa altura em que as receitas de publicidade continuam a ser a maior âncora do Twitter, que de ano para ano acumula prejuízos e que nas próximas contas poderá também ter de reportar perdas importantes nessa área. Desde que Musk entrou no Twitter várias marcas terão suspendido investimentos publicitários na plataforma, uns temporariamente outros podem acabar mesmo por não regressar. Não se antecipa por isso que o ritmo de trabalho de Elon Musk possa abrandar nos próximos meses.
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