A poucos dias de mais um Web Summit, que este ano está marcado para 1 a 4 de novembro, os números partilhados pelo CEO e fundador da conferência de tecnologia indicam que ainda se encontrou espaço para crescer face a 2019. São 2.630 startups e empresas expositoras, 1.120 investidores, 1.040 oradores, 20 palcos e 70 mil bilhetes vendidos.
“Estou muito excitado porque o Web Summit está de volta, porque estamos com a capacidade completa, vendemos todos os bilhetes com 3 semanas de antecedência e este será, de longe, o mais movimentado de sempre, com mais expositores e mais startups”, explicou Paddy Cosgrave em entrevista ao SAPO TEK.
Continua em alta o entusiasmo que o empreendedor demonstra com Lisboa desde 2016, ano em que mudou o Web Summit para Portugal, uma decisão tomada em 2015 com o abandono da cidade origem de Dublin. Os argumentos de bom clima, bom café (e barato) e boa conetividade, mantêm-se válidos, mas Paddy Cosgrave garante que as expectativas foram superadas.
“O que está a acontecer em Lisboa é substancial. É tão movimentado e tão popular. Lisboa era a única cidade europeia a decrescer em população, com abandono dos jovens, e de repente tornou-se a mais hot cidade na Europa, e talvez no mundo”, afirma.
“Viemos [para Lisboa] porque vimos a oportunidade. É como no surf quando vemos a onda a chegar. Seis anos depois é melhor do que podíamos esperar, toda a gente quer vir para Lisboa e isso beneficiou muito o Web Summit”, defende Paddy Cosgrave.
O fundador do Web Summit admite que houve uma conjugação de fatores para este sucesso. “Lisboa teve um papel em tornar o Web Summit tão popular e espero que o Web Summit tenha ajudado também Lisboa”, afirma, lembrando que há pessoas de várias áreas a mudarem-se para a cidade e que não é só na área tecnológica.
70 mil pessoas num espaço mais apertado
Este ano o Web Summit vai estar em plena capacidade com 70 mil participantes, depois de em 2021 ter registado 42 mil. Todos os bilhetes foram vendidos mas apesar de não ter sido ainda construído o prometido novo edifício na FIL, a organização conseguiu encontrar mais espaço para expositores.
“Aumentámos o número de expositores e o espaço que ocupam e reduzimos o espaço para os participantes. Vai ver que vai ser incrivelmente movimentado”, adiantou Paddy Cosgrave ao SAPO TEK, detalhando que há mais estruturas temporárias, dos dois lados do Altice Arena.
“O número de estruturas temporárias é agora maior do que todo o evento que tínhamos em Dublin antes de nos mudarmos para Lisboa”, sublinha.
Vai haver também mais espaços ao ar livre, para onde foram mudados espaços de networking, e a equipa espera que o tempo esteja bom para isso.
Confrontado com a questão de falta de criação de novos edifícios, Paddy Cosgrave sublinha que essa não é uma pergunta que lhe deva ser dirigida. “O meu trabalho é gerir o Web Summit da melhor forma que conseguimos e isso tem corrido de forma fantástica”, afirma, dizendo que “a relação com o Governo e a Câmara nunca foi melhor, acho que toda a gente está excitada que o Web Summit tenha sobrevivido à pandemia e tenha regressado mais forte, enquanto outras conferências de tecnologia estão a lutar por conseguir recuperar, com menos de 50 ou 30% da dimensão que tinham em 2019”.
Mesmo assim a resposta não é a mais confortável da parte do CEO do Web Summit, sobretudo com a pergunta sobre se ficámos com a ideia errada quando em 2019 se dizia que a construção de novos espaços era um dos requisitos para manter a conferência em Lisboa. “O Web Summit está aqui para o longo prazo e vamos encontrar formas de ficar, e se forem criativas, pois que sejam”, defende, indicando que podem ser feitas várias iniciativas noutros locais na cidade e não querendo confirmar se em 2023 será possível ter já mais condições para fazer crescer o evento. “Muito pode acontecer em 2023, no fim deste Web Summit vamos começar a planear para o próximo ano”, afirma.
E quanto ao número de participantes? “O presidente Marcelo diz que quer ter 100 mil pessoas no Web Summit e vai ter em Lisboa. Mas muitas não vão conseguir entrar no Web Summit porque não têm bilhetes”, admite, lembrando porém que “há centenas de eventos de pequena dimensão que acontecem ao mesmo tempo”.
“Interessa realmente ao Governo se as 100 mil [pessoas que vêm ao Web Summit] estão na Fil ou em Lisboa? É totalmente irrelevante”, defende Paddy Cosgrave.
Web Summit no Brasil e Tóquio à vista em 2024/25
A criação daquilo que Paddy Cosgrave designa como “eventos regionais” do Web Summit chegou a estar envolta em polémica, mas o empreendedor tem sido sempre exímio em afastar a questão, e em garantir que todas as iniciativas beneficiam o evento anual, em Lisboa.
O anúncio recente do Web Summit no rio de Janeiro já está a ter frutos, defende Paddy Cosgrave, dizendo que nunca houve tantas startups brasileiras e participantes do Brasil em Lisboa. “Muitas empresas veem Portugal como uma porta de entrada para a Europa”, sublinha.
“A tecnologia é global e a maior parte das pessoas que vêm ao Web Summit são da Europa e dos Estados Unidos, e queremos tornar o evento mais global”, afirma, lembrando que existiram conversas com o Japão e a cidade de Tóquio, ainda antes da pandemia de COVID-19, e que não sabe se essa linha vai ser retomada antes de 2024/25. “Nessa altura talvez vamos fazer alguma coisa no Médio Oriente e em África, estamos a trabalhar muito para encontrar a melhor localização antes de partilharmos as notícias”, acrescenta.
Recorde-se que o Web Summit assinou em 2018 um contrato de permanência em Lisboa por 10 anos e que recebe um apoio do Governo e da cidade de Lisboa com investimentos anuais de 11 milhões de euros. Deste valor, três milhões de euros são investimento municipal e oito milhões são assegurados pelo Governo.
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