"O GALILEO, programa europeu de rádionavegação por satélite, é viável economicamente e gerará consideráveis benefícios", de acordo com as conclusões de um estudo independente concebido por um consórcio privado liderado pela PricewaterhouseCoopers com vista ao desenvolvimento posterior de um plano de negócio sob a égide da Comissão Europeia.

Através do GALILEO e do seu sistema de rádionavegação, é possível receber sinais de uma constelação ou de diversos satélites e determinar, de forma meticulosa, a posição do utilizador em cada momento.


O resultado deste estudo surge algumas semanas antes da reunião do Conselho de Ministros prevista para breve que decidirá a estrutura organizacional do GALILEO e a aprovação da disponibilização dos restantes fundos para a fase de desenvolvimento. Este documento é publicado alguns dias depois do Conselho das Agências Espaciais Europeias (ESA) ter cedido também fundos para aquele projecto.

O estudo conclui que os fundos públicos necessários para lançar GALILEO poderão causar alguma celeuma, pois confirma as estimativas previstas dos custos do programa, na ordem dos 3,6 biliões de euros (722 mil milhões de contos) para completar infra-estruturas do sistemas, tendo em conta o pior cenário, que poderá incluir contingências significativas e poupança de satélites.

"São muito boas notícias para o GALILEO", referiu Loyola de Palacio, vice-presidente da Comissão Europeia da área do transporte e da energia, em funções. "O resultado deste estudo confirmou as intenções da Europa de se tornar um dos maiores e mais importantes concorrentes no sector da navegação e posicionamento por satélite", concluiu.



O GALILEO promete o desenvolvimento da nova geração de serviços universais de posicionamento, em complementaridade com os actuais sistemas de rádionavegação
(GPS e GLONASS) bem como novas potencialidades em termos de disponibilidade e segurança.



A fase de definição do programa ficou completa no final de 2000, faltando ainda mais três fases, cujo desenvolvimento se verificará até 2005 e 2007, respectivamente, seguido da fase de operação e aplicação. "Isto representará uma revolução técnica e sociológica equivalente àquela despoletada pelos telemóveis, pois permitirá a localização simultânea de tempo e espaço", esclareceu Loyola de Palacio.

Em termos da comparação custo/benefício, o GALILEO justifica-se economicamente, demonstrando um compromisso do sector público para se concentrar no projecto, refere também o documento. O plano de negócios desenvolvido no estudo demonstra um rácio custo/benefício bastante positivo, estimando um total de benefícios na ordem dos 17,8 biliões de euros ou 3,5 mil milhões de contos (valor de preço nominal) do custo total, incluindo operações de sistema de apenas 3,9 biliões de euros ou 722 mil milhões de contos. Este rácio pode redundar em valores mais altos, visto que neste estudo, só foram focados os benefícios para o sector dos transportes.

O estudo sublinha o grande potencial do GALILEO em termos de aplicação para um conjunto de vários sectores, como os transportes, comunicação pessoal, localização, polícia, incêndios, operações de protecção civil, exploração de energia e transportes, seguros, agricultura e pesca, entre outros. Embora mais difícil de quantificar, o estudo demonstra também alguns benefícios sociais como a protecção do ambiente, emprego e o desenvolvimento tecnológico europeu.

Aquele documento identifica também duas grandes fontes de receitas de mercado: os I>royalties das vendas dos chipsets e as receitas dos fornecedores de serviços. Algumas projecções revelam que o GALILEO atingirá um cashflow positivo já em 2011, apenas três anos depois de entrar em funcionamento.

O estudo aconselha que durante a fase de desenvolvimento estiver a ser financiada pela Comunidade e pela contribuição da ESA num total de 1.350 milhões de euros ou 270 milhões de contos), se efectue um acordo para criar um esquema de concessão para o sector privado que permita financiar a fase de implementação (mais de 2.000 milhões de euros ou 400 milhões de contos) em retorno de pagamentos disponíveis para a provisão de serviços.



O estudo sugere que estes pagamentos sejam financiados através de uma taxa (de dois euros ou quatrocentos escudos) obtida pelo sector público através da venda de terminais de navegação global por satélite ao utilizador. Esta fusão de receitas destina-se à fase seguinte, preparando os termos de concessão.

Durante a próxima reunião nos dias 6 e 7 de Dezembro de 2001, prevê-se que o Conselho dos Ministros dos Transportes espera acordar a adopção da fusão de receitas, confirmando o lançamento da fase de desenvolvimento do programa GALILEO, e que aprove a contribuição da União Europeia num total de 550 milhões de euros ou 110 milhões de contos. A mesma quantia foi entregue pelo conselho de Agência Espacial Europeia a 15 de Novembro de 2001.

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