"Hoje grande dia para Portugal, para Portugal Telecom e para o grupo Altice". A frase é de Armando Pereira, Chaiman da PT, que apesar de admitir que não tem por hábito falar em público quis abrir a cerimónia de inauguração do Altice Labs em Aveiro, lembrando que foi no país em que nasceu que decidiu com Patrick Drahi instalar o centro de inovação do Grupo, apostando no futuro e na visão que o povo português sempre teve.
A inauguração oficial do Altice Labs é feita com a pompa e circunstância exigida e conta com a presença do Estado-maior da Altice, marcando a primeira apresentação pública em Portugal de Patrick Drahi, presidente do Conselho de Administração da empresa que entrou na PT em Junho de 2015.
Armando Pereira, presidente do Conselho de Administração da PT, Paulo Neves, presidente executivo e também o ministro da Economia, Manuel Caldeira, deslocaram-se à cidade que tradicionalmente acolhia o centro mais inovador da PT para a formalização de uma unidade considerada crucial para o futuro da empresa e que já tem projetos a mostrar, herdando o histórico da PT Inovação e de outras unidades de desenvolvimento de I&D que existiam nas várias operadoras do Grupo em França, Israel, República Dominicana e Estados Unidos.
"Portugal tem uma cultura de inovação excecional, é um exemplo para o mundo", afirmou Patrick Drahi, que garantiu que a localização do centro de inovação no país não é um acaso e que materializa a visão comum que tem com Armando Pereira há vários anos. "O projeto não é só industrial e económico mas para o futuro dos nossos filhos. Portugal era uma escolha natural porque é a sede das nossas famílias [uma história que confessou que descobrir recentemente] e este vai ser um ponto de partilha de Portuga para o Mundo", salienta.
A aposta em inovação pela Altice, e o caminho que a PT tem feito já dentro do grupo foi também destacada por Paulo Neves, CEO da PT, que recordou alguns dos marcos importantes conseguidos na PT Inovação, desde o desenvolvimento do pré-pago ao desenvovimento da rede de fibra ótica, que está na rede do investimento da empresa para os próximos anos.
"A partir de hoje, PT inovação e Altice Labs serão uma e a mesma coisa. E é com muito orgulho e sentido de responsabilidade que afirmo que aqui em Portugal, dirigido por um português, com o know-how acumulado de décadas na área de Investigação e Desenvolvimento, ficará um dos centros de inovação do Grupo", afirmou o CEO da PT.
Inovação de Portugal para o mundo
A localização estratégica do centro de comando de Inovação de todo o grupo em Portugal é destacada como uma conquista importante da nova administração da PT, depois de se ter falado na possibilidade da Altice vender a PT Inovação. Sem nunca detalharem números de investimento, os executivos da Altice garantem que vão continuar a investir nesta área e que os Labs são um ativo estratégico para o grupo, mas também um contribuinte liquido para os resultados, numa lógica de eficiência operacional que caracteriza as operações da Altice.
O Altice Labs conta desde já com cerca de mil engenheiros, 650 dos quais em Portugal, e é o centro de um ecossistema de inovação que o grupo quer desenvolver com o envolvimento das Universidades, Fabricantes e também startups, tudo para garantir a liderança tecnológica das operadoras que o grupo detém nas várias geografias e que enfrentam um mercado de grande competitividade.
Alexandre Fonseca, responsável executivo da Altice Labs, destaca que a missão do centro de inovação é promover de forma estruturada o conceito e metodologias de trabalho em rede, procurar a excelência e ser pioneiro em tecnologias como o NGPON2, que vai suportar o novo investimento da PT em fibra e já está a ser usado pela Verizon nos Estados Unidos.
A PT Inovação é a fábrica de ideias e de novos produtos e serviços que tem alimentado as várias operações de telecomunicações em Portugal e também nas participações em vários países, e agora vai ser o centro de operações para 15 países, mantendo-se aqui o comando o controle e mais de 70% das operações da nova Altice Labs. Mas a empresa vai manter-se como entidade legal.
"A escolha da PT Inovação não é fruto do acaso", explica Alexandre Fonseca, adiantando que em Aveiro e nos laboratórios que foram sendo construídos havia os requisitos para o centro de excelência que a Altice queria, com recursos humanos, capacidade sistematizada de inovação e a capacidade técnica.
Para além de um aspecto operacional de suporte ao negócio e às necessidades mais próximas, a Altice Labs tem também como missão desenvolver a tecnologia que será usada nos próximos dois anos e trabalhar na antecipação de um futuro a mais longo prazo, no “futurismo” de perceber o que será importante daqui a 5 anos.
O que fica em Portugal?
O plano da estrutura da Altice Labs está montado e assenta na reutilização dos recursos humanos e técnicos já existentes em Aveiro, onde fica localizada cerca de 70% da operação e 600 profissionais.
Em Aveiro fica instalado o Centro de Coordenação Tecnológica e de inovação, o Centro de Desenvolvimento de Negócio e as áreas de DSR - Network Systems, SRP - Network Control and Service Platforms, SSO – Operation Support Systems e DTI – Internet, onde se incluem os profissionais que vieram do SAPO.
Os restantes 30% da operação ficam distribuídos pelos escritórios locais em França, República Dominicana, Israel e Estados Unidos, onde as unidades de inovação não estavam tão sistematizadas e estavam mais ligadas ao negócio.
Até agora, das componentes de hardware desenvolvidas em Portugal, grande parte acabava por ser fabricada também em território português, numa lógica que Alcino Lavrador, General Manager da PT Inovação, acredita que pode ter continuidade.
E como serão os próximos passos nesta fábrica de inovação? Uma primeira versão do Plano Tecnológico Estratégico está já também desenvolvida, mas este é um “documento vivo” como explica Alexandre Fonseca que admite que é um plano em plena atualização, mas que serve de “cartilha” para o que a Altice Labs está a desenvolver.
Para já há muitas ideias novas e projetos em curso, seguindo a atividade que a PT Inovação desenvolvia para clientes do grupo e fora do grupo, e a mostra de projetos que foi montada para a inauguração levanta o véu sobre algumas das tecnologias que podem chegar em breve a casa dos clientes.
Fátima Caçador, em Aveiro
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