A Intel anunciou que está interessada em participar num consórcio para adquirir a fabricante britânica de chips ARM, considerando que este pode ser um ativo interessante para reforçar a sua recém-formada área de negócio para a produção de chips para terceiros, a Intel Foundry Services (IFS).
A unidade foi anunciada pela empresa no ano passado, juntamente com um investimento de 20 mil milhões de dólares para criar novas fábricas, que também vão reforçar a capacidade para servir as necessidades internas da empresa. O plano faz parte de uma nova estratégia para reajustar e reforçar o posicionamento da empresa no mercado de semicondutores, numa altura em que a pandemia expôs as limitações da enorme concentração deste mercado num número de fabricantes muito reduzido. Pôr a estratégia no terreno vai também ter impacto nos resultados da empresa, pelo menos até 2025, admitiu a Intel na mesma conferência com analistas em que revelou interesse na Arm.
As previsões da empresa indicam que a margem de lucro bruta caia este ano para 52%, contra os 58% de 2021 e se situe entre os 51 e os 53% em 2023 e 2024, para voltar a fixar-se num intervalo entre os 54 e os 58% nos anos seguintes. As receitas este ano devem atingir os 76 mil milhões de dólares, mais 1,7% que no ano passado, segundo as mesmas projeções, e manter-se a crescer a um dígito até 2024.
Recorde-se que a Intel anunciou esta semana compra da Tower Semiconductor por 5,4 mil milhões de dólares, um negócio que vai ajudar a empresa a acelerar a nova área de negócio de produção de chips para terceiros.
À Reuters, na sequência deste anúncio, garantiu que a compra da Tower não altera os planos de investimento para a Europa, onde a Intel já tinha referido a intenção de instalar também uma fábrica. A empresa garantiu que anuncia em breve novidades para a região.
O interesse na Arm é motivado também pelo plano de expansão dos serviços de produção de chips. ”Não somos grandes utilizadores de Arm, mas usamos. Passariamos a usar mais se se tornar parte da nossa agenda IFS. Assim, se surgisse um consórcio, estaríamos provavelmente muito inclinados a participar nele de alguma forma", referiu Pat Gelsinger, CEO da empresa à agência noticiosa.
Na conferência com analistas, o CEO da Intel tinha revelado que antes da Nvidia avançar com uma proposta para a compra da Arm ao Softbank, já havia conversas na indústria para a formação de um consórcio para adquirir a empresa.
O Softbank anunciou na semana passada que o negócio com a Nvidia não irá concretizar-se devido a questões regulatórias, mas defendeu também que a próxima opção a explorar para encontrar um novo dono para a Arm deve passar por abrir o capital da empresa, listando-a em bolsa.
Nova unidade para produzir semicondutores para automóveis
Esta quinta-feira a Intel também anunciou uma nova unidade de negócio para a produção de semicondutores para o mercado automóvel, um dos segmentos explorados pela Tower. Esta nova unidade vai integrar a divisão de Intel Foundry Services e a ideia é vir a criar uma plataforma de computação em blocos, que os fabricantes possam “montar” à medida das suas necessidades.
Esta é uma área onde vários concorrentes da fabricante já estão a apostar em força - a própria Intel já aí estava. A empresa pretende agora insistir nesta aposta e até forneceu alguns dados, calculando que se em 2019 os processadores representavam 4% do custo de um carro, em 2030 vão representar 20%.
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