O regulador britânico pôs de parte aquele que era considerado um dos grandes motes para bloquear a compra da Activision Blizzard pela Microsoft. Numa nota divulgada na passada sexta-feira, a Competition and Markets Authority citou novas evidências para dizer que não vê sentido numa possível decisão da Microsoft, de transformar o Call of Duty num exclusivo da Xbox após a aquisição.
O peso de franquias da Activision Blizzard como o Call of Duty, o jogo mais rentável de sempre, tem sido um dos grandes temas no debate sobre os efeitos da compra da empresa e na análise que os reguladores estão a fazer. Há mais de uma dezena de reguladores a avaliar o negócio a nível mundial, entre eles o dos Estados Unidos, que avançou para a justiça, e o da União Europeia, que também ainda não avançou com uma decisão.
Teme-se que a Microsoft decida fechar o acesso de terceiros aos jogos mais valiosos que vai passar a controlar, restringindo o acesso aos utilizadores da sua consola e dos serviços cloud associados à Xbox. A Sony, líder do mercado de videojogos, tem insistido no argumento. As comunicações que a CMA foi fazendo desde que começou a analisar o caso indicavam os mesmos receios e sublinhavam o impacto para os consumidores de um mercado menos concorrencial.
O organismo diz agora que, à luz de novos dados analisados, verifica que o incentivo financeiro da Microsoft é precisamente o contrário: manter o jogo aberto aos concorrentes. Isto é também algo que a empresa tem vindo a sublinhar e que procurou demonstrar com a oferta de um acordo às concorrentes, que sela a garantia de acesso ao jogo pelos próximos 10 anos.
Os novos dados considerados, explica a CMA numa nota divulgada no site, resultam da análise dos muitos contributos para análise recebidos do mercado no período aberto para esse efeito. “Enquanto a análise original da CMA indicava que esta estratégia [bloqueio do Call of Duty à Xbox] seria rentável na maioria dos cenários, novos dados (que fornecem uma melhor perceção do comportamento real de compra dos jogadores de CoD) indicam que esta estratégia seria significativamente menos rentável em qualquer cenário plausível”, refere a nota publicada no site. “Nesta base, a análise atualizada mostra agora que não seria comercialmente benéfico para a Microsoft tornar a CoD exclusivo para a Xbox após o negócio”, acrescenta-se.
Esta aparente mudança de opinião do regulador britânico não dá como certa a aprovação do negócio de 69 mil milhões de dólares, anunciado há mais de um ano. A CMA sublinha que continua preocupada com os efeitos da operação nos serviços de cloud gaming.
"A nossa opinião provisória de que este acordo suscita preocupações no mercado dos jogos na nuvem não é afetada pelo anúncio de hoje", sublinhou a CMA, que estabeleceu um prazo até 26 abril para apresentar uma decisão final sobre o caso.
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